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    Sem ser alvo, Paes é citado em peças da Lava Jato do Rio

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    03/08/2017 16h29 - Atualizado às 16h44

    Ricardo Borges/Folhapress
    Ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, em seu antigo gabinete
    Ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, em seu antigo gabinete

    Sem ser citado no pedido de prisão da Operação Rio 40º, deflagrada na manhã desta quinta-feira (3), o nome do ex-prefeito Eduardo Paes (PMDB) já apareceu de forma lateral em outras peças na Lava Jato do Rio.

    Ele é mencionado em anexos da denúncia contra o empresário Marco Antônio de Luca, preso há dois meses, e num bilhete apreendido com Ary Ferreira Filho, ex-assessor do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

    Até o momento, o prefeito é alvo apenas de inquérito baseado na delação de executivos da Odebrecht, enviado recentemente à Justiça Federal do Rio. O Ministério Público Federal afirma que as investigações, até o momento, não identificaram envolvimento do peemedebista no esquema de corrupção apurado na operação desta quinta.

    "As investigações são relacionadas a fatos, não pessoas. As apurações continuam", disse o procurador Rafael Barretto, quando questionado sobre o envolvimento de Paes.

    Ex-dono do grupo Masan, de Luca foi preso sob acusação de pagar cerca de R$ 16 milhões de propina a Cabral. Em seu celular, apreendido na Operação Ratatuille, investigadores encontraram um texto que faz referência a "Duda" –como Paes é chamado por amigos.

    "A minha relação com o Duda é graças às festas na casa do meu pai, pagas pela empresa", escreveu ele. Os agentes encontraram também uma foto dos dois, aparentemente num churrasco, quando eram mais jovens.

    O nome de Paes aparece também num papel apreendido na casa de Ary Filho, preso em fevereiro na Operação Mascate. Nele, há apenas o nome do ex-prefeito seguido da expressão "PEU Guaratiba".

    O projeto de estruturação urbana do bairro da zona oeste esteve em discussão na Câmara Municipal em 2012. Ele preocupou ambientalista e moradores da região em razão do possível adensamento da área, alvo de forte especulação imobiliária.

    Em depoimento, o ex-assessor de Cabral disse que trabalhou nas duas campanhas de Paes para a prefeitura (2008 e 2012). Ele, porém, negou que houvesse sobras de caixa dois de campanha do ex-prefeito, como afirma ter ocorrido com Cabral.

    Os procuradores, contudo, afirmam que a cobrança de propina na secretaria municipal reproduz o modelo montado no Estado. O esquema é atribuído ao PMDB do Rio.

    OUTRO LADO

    Em nota, Paes afirmou que conheceu de Luca por meio do ex-prefeito César Maia (DEM), em 1992, quando entrou na política.

    "Tinha pouco contato antes de ser eleito prefeito e estive pouquíssimas vezes com ele depois que virei prefeito", afirmou ele.

    O peemedebista também negou ter conversado com Ary Filho sobre o PEU de Guaratiba.

    "Nas poucas vezes em que estive com o então assessor do governador Sérgio Cabral jamais ele falou sobre PEU de Guaratiba", disse ele.

    Em rápida entrevista à Folha, o peemedebista afirmou não estar preocupado com as investigações. Declarou estar "triste e envergonhado" com as informações divulgadas sobre seu secretário de Obras.

    "Ele é um quadro técnico da Prefeitura do Rio e por isso foi colocado naquela posição. Sempre me orgulhei do fato de nossas obras não estarem envolvidas em escândalos", afirmou ele.

    Ele refutou a tese de que o esquema apontado em denúncias contra Cabral tenha sido "replicado em âmbito municipal", como afirmou o juiz Marcelo Bretas.

    "Isso não consta nem da peça de acusação do Ministério Público. Meu nome ou minha condição política e partidária sequer são citados na denúncia [pedido de prisão]", disse o ex-prefeito.

    A executiva da Carioca Luciana Parente, uma das delatoras que envolveu o ex-secretário municipal de Obras Alexandre Pinto, afirmou em depoimento que "desconhece exigências de pagamentos de vantagens indevidas por parte do [então] prefeito do Rio".

    Paes é alvo de um inquérito da Operação Lava Jato decorrente da delação premiada dos executivos da Odebrecht. De acordo com a empreiteira, o ex-prefeito do Rio recebeu de caixa dois de campanha R$ 11,6 milhões em dinheiro no Brasil e US$ 5,75 milhões em duas contas no exterior.

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