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    Durante julgamento, advogado acusa desembargador de SC de pedir propina

    JEFERSON BERTOLINI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

    04/08/2017 11h11 - Atualizado às 12h20

    Um advogado de Florianópolis acusou um desembargador do TJ (Tribunal de Justiça) de Santa Catarina de pedir R$ 700 mil de propina para julgar favoravelmente a causa que defendia.

    A acusação foi feita na tarde desta quinta-feira (3), durante o julgamento da ação, na 1ª Câmara de Direito Civil do TJ. O desembargador era o relator do caso.

    "O julgamento que está acontecendo aqui é comprado. Eu estou fazendo uma acusação", disse o advogado Felisberto Odilon Córdova contra o desembargador Eduardo Gallo.

    "Isso aqui não é a Câmara dos Deputados. Isso aqui é um Tribunal de Justiça, e é preciso que a moralidade surja e venha a termo", acrescentou Córdova, irritado.

    A fala dele foi filmada com celular e circulou pelas redes sociais.

    Após as acusações, a sessão do TJ foi suspensa pelo desembargador Raulino Brunning, presidente da 1ª Câmara.

    'SAFADO'

    Nesta sexta-feira (4), o advogado disse que o pedido de propina foi feito "por um intermediário" do desembargador a seu sócio no escritório de advocacia.

    O advogado afirmou ainda que o desembargador tinha proposta de R$ 500 mil para votar contra a ação que defendia e que pediu os R$ 700 mil como "contraproposta".

    Córdova não disse de quem seria a suposta primeira proposta. Também não deu detalhes da ação que defendia. Segundo funcionários do TJ ouvidos pela reportagem, trata-se de uma causa de R$ 35 milhões.

    O defensor declarou que "tem provas testemunhais" contra o desembargador, a quem chamou de "safado", "vagabundo" e "descarado". "A sua atuação [do desembargador] é mercadológica. É fácil apurar isso", disse o advogado, que tem 53 anos de atuação no mercado.

    INVESTIGAÇÃO

    O TJ informou, via assessoria, que o caso será "analisado".

    O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Santa Catarina, Paulo Brincas, disse nesta sexta-feira que já formou uma comissão para investigar a acusação.

    "O Dr. Felisberto é um colega muito respeitado pela classe [dos advogados]. Tem muita credibilidade. A acusação feita por ele é severa e forte. É uma acusação de gravidade total. Precisa ser investigada", disse Brincas.

    OUTRO LADO

    O desembargador Eduardo Gallo nega as acusações feitas pelo advogado Felisberto Córdova.

    Nesta sexta, Gallo não falou com a imprensa. Pela assessoria, informou que a acusação "se trata de fato mentiroso" e que "tomará todas as medidas judiciais cabíveis" contra Córdova.

    O desembargador considera que sofreu, entre outros, ataque contra a honra e contra sua condição de servidor público.

    Na quinta-feira, na sessão, ele disse que não admitia que um advogado lhe chamasse de "vagabundo". Ele pediu a prisão de Córdova, o que não ocorreu.

    Também na quinta, o desembargador disse que tem 25 anos de magistratura e que "nunca passou por isso na vida".

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