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    Haddad fala em 'sonho' ao abrir 'pós em esquerdismo' em SC

    JOELMIR TAVARES
    ENVIADO ESPECIAL A CHAPECÓ (SC)

    05/08/2017 13h42

    Cleberson Marcon/Divulgação
    Santa Catarina 05.08.2017 O ex-prefeito de Sao Paulo Fernando Haddad (PT) faz a abertura do curso "A Esquerda no Século 21", em Santa Catarina. Foto: Cleberson Marcon/Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Fernando Haddad (PT) faz a abertura do curso "A Esquerda no Século 21", em Santa Catarina

    Com uma palestra na qual falou sobre a necessidade de ouvir críticas à esquerda, mas sem esquecer "o compromisso com o sonho", o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) abriu nesta sexta (4) o curso "A Esquerda no Século 21".

    A pós-graduação, oferecida por um instituto de Chapecó (SC), foi anunciada no início de julho e atraiu 58 alunos, que vão pagar R$ 7.200 pela especialização. Segundo a organização, foram mais de 500 inscrições de interessados.

    A aula inaugural com Haddad, aberta ao público, reuniu cerca de 250 pessoas no auditório do sindicato dos servidores públicos municipais. A entrada custou R$ 5.

    A previsão inicial era que Marco Aurélio Garcia conduzisse a abertura. O ex-prefeito foi chamado após a morte do ex-assessor da Presidência da República, no último dia 20.

    "Bem-vindos à aventura do curso lato sensu mais polêmico do Brasil", disse o deputado federal Pedro Uczai (PT-SC), idealizador e principal divulgador do projeto, no começo do evento.

    Era uma referência às críticas que a "pós em esquerdismo", como ficou conhecida, recebeu desde o lançamento, com argumentos como o de que a esquerda nada teria a ensinar.

    Formada na maioria por filiados e simpatizantes do PT, a plateia reagiu com aplausos ao anúncio do nome dos próximos convidados, especialmente o da ex-presidente Dilma Rousseff.

    Uczai afirma ter ainda a confirmação do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), do teólogo Leonardo Boff e do ex-governador gaúcho Olívio Dutra (PT-RS), entre outros palestrantes.

    O objetivo do curso, segundo o parlamentar, é refletir sobre a situação da esquerda e fazer autocrítica sobre o movimento e sobre os governos Lula e Dilma.

    ESCOLA SEM PARTIDO

    Ao defender a criação da pós e o direito de expressão nas salas de aula, Fernando Haddad lembrou o projeto Escola sem Partido.

    Ele falou que "está na moda" apoiar iniciativas que tentam "interditar o debate".

    "Se ficarmos encapsulados nas nossas ideias, não temos condições de evoluir", afirmou o ex-prefeito e ex-ministro da Educação.

    "Nós temos que ter [o curso] sobre a esquerda no século 21, mas também sobre a direita no século 21."

    Durante uma hora, o político, que tem mestrado em economia e doutorado em filosofia pela USP, discorreu sobre o surgimento dos conceitos de direita e esquerda e sobre experiências que puseram o esquerdismo em xeque no século 20, como o stalinismo.

    "A esquerda no século 21 não pode ter dúvida em relação à democracia", disse.

    No fim da fala, ao responder a perguntas dos participantes, Haddad negou que seja um "plano B" do PT para as eleições presidenciais de 2018, caso Lula seja impedido de concorrer.

    Para ele, o ex-presidente será o candidato da sigla. "Temos segurança de que será feita a justiça", afirmou.

    PROSELITISMO

    Com aula fechada para os matriculados, o curso segue ao longo deste sábado (5), com a disciplina "A Esquerda nos Séculos 19 e 20: Luta Socialista e Teoria Revolucionária".

    O conteúdo é ministrado pelo doutor em história econômica pela USP José Rodrigues Mao Júnior, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo.

    Na turma há moradores de Chapecó e região, além de representantes do Rio Grande do Sul, do Paraná e do Rio de Janeiro. A atuação partidária e em movimentos sociais é uma das características dos alunos.

    Com duração de um ano, a pós é coordenada pelo Instituto Dom José Gomes em parceria com o Instituto de Filosofia Berthier.

    "Resistimos às pressões", disse Jaime Giolo, reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul, instituição que dá apoio à iniciativa e libera, por exemplo, o acesso à sua biblioteca.

    "Falaram que seria proselitismo, mas se tem um lugar onde não dá para fazer isso é a universidade pública, onde tem gente de todo tipo", afirmou Giolo. "Se nos propuserem uma parceria para um curso sobre a direita, nós vamos fazer também."

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