• Poder

    Sunday, 05-May-2024 23:41:11 -03

    Obra traz evolução das construtoras no regime militar

    RODRIGO VIZEU
    ENVIADO ESPECIAL AO RIO

    13/08/2017 02h00

    Reprodução
    Pagamentos continuaram após Lava Jato, diz Emílio Odebrecht
    Emílio Odebrecht, dono da Odebrecht, disse em delação que esquema de corrupção é de 30 anos atrás

    "O que nós temos não é de cinco, de dez anos. É de 30 anos. Esse sistema era um negócio institucionalizado, normal", afirma o empreiteiro Emílio Odebrecht em sua delação premiada, dizendo-se incomodado que a elite brasileira externasse surpresa diante dos crimes revelados pela empresa.

    O corte temporal citado pelo empresário coincide com a metade dos anos 1980, quando o Brasil se redemocratizava.

    Para o historiador Pedro Campos, doutor pela Universidade Federal Fluminense, a afirmação de Odebrecht coincide com sua pesquisa sobre as empreiteiras na ditadura, também apresentada no simpósio de FGV, PUC-Rio e Brown.

    Ele publicou em 2014, no início da Operação Lava Jato, o livro "Estranhas Catedrais", dedicado ao tema.

    Na obra, relata o crescimento das construtoras brasileiras sob o regime que vigorou de 1964 a 1985 e sua proximidade com a elite militar e civil dos governos ditatoriais –inclusive com denúncias de corrupção.

    Campos registra a mudança de estratégia das empreiteiras diante da abertura política. O foco no governo e nos oficiais se desloca em direção ao Poder Legislativo e aos partidos, que voltam a ter peso com a redemocratização.

    Os documentos das construtoras passam a relatar intenso trabalho de pressão junto a deputados e senadores para liberar recursos para obras e fazer passar medidas de interesse do setor, que incluía o financiamento de campanhas.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024