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    Lava Jato

    Advogados atacam Moro e Lava Jato em lançamento de livro pró-Lula

    JOELMIR TAVARES
    DE SÃO PAULO

    15/08/2017 00h32

    Bruno Santos/ Folhapress
    O ex-ministro José Eduardo Cardozo, o professor Celso Antonio Bandeira de Mello (à esquerda) e Alvaro de Azevedo Gonzaga durante lançamento de livro que critica a Lava Jato
    Ex-ministro José Eduardo Cardozo fala durante evento de lançamento de livro em SP

    Com duras críticas ao juiz Sergio Moro e à Operação Lava Jato, advogados e especialistas em direito lançaram na noite desta segunda-feira (14) em São Paulo o livro "Comentários a uma Sentença Anunciada: o Processo Lula".

    A obra, com 103 artigos, reúne textos que apontam problemas e equívocos na sentença que condenou o ex-presidente no caso do tríplex do Guarujá.

    "Vivemos um momento terrível, doloroso", afirmou no evento o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, um dos autores do livro. "Mas não podemos ficar com sentimento derrotista, porque isso não leva a nada."

    "Na minha opinião esse Moro não é um juiz", seguiu Bandeira de Mello. "Só um louco faria condução coercitiva [de Lula] naquela situação. Ele nunca se opôs a prestar depoimento."

    Pedro Estevam Serrano, Weida Zancanner, Lênio Streck e o ex-ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) também escreveram textos.

    Além de Cardozo, petistas como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o vereador Eduardo Suplicy e o deputado federal Paulo Teixeira participaram do encontro com cerca de 200 pessoas, em um auditório da PUC-SP, em Perdizes (zona oeste).

    "Estamos aqui para defender não um homem, mas uma causa, que é a da justiça", disse Haddad. Ele também falou que é preciso "lutar para reverter a sentença e garantir Lula na urna em 2018".

    Para Suplicy, o livro "vai ajudar muito" o ex-presidente.

    Tanto Lula quanto a ex-presidente Dilma Rousseff compareceram ao lançamento da obra na capital fluminense, na sexta-feira (11), na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

    Convidados para o evento em São Paulo, não puderam ir. Ele se prepara para iniciar uma caravana pelo Nordeste na quinta-feira (17); ela perdeu no fim de semana o ex-marido, Carlos Araújo.

    A Folha apurou que a defesa de Lula tem evitado se associar ao livro por considerar que há irregularidade de rigor técnico entre os textos. Os 122 autores convidados têm diferentes níveis de experiência.

    A equipe que defende o petista não se opôs à publicação, mas também não fez manifestações públicas de apoio à obra.

    No debate, os advogados do ex-presidente foram descritos pelo deputado Paulo Teixeira como "combativos e aguerridos". "Foram humilhados nesse processo. Queremos demonstrar nossa solidariedade", afirmou o parlamentar.

    Bruno Santos/ Folhapress
    O ex-prefeito Fernando Haddad em lançamento de livro que critica a Lava Jato
    O ex-prefeito Fernando Haddad em lançamento de livro que critica a Lava Jato

    'MORO DO BEM'

    Já há 22 eventos de lançamento marcados para as próximas semanas em várias cidades, segundo a advogada e professora Carol Proner, uma das organizadoras do livro.

    Além de reimpressões, está sendo preparada a tradução da obra para o inglês, de acordo com ela. A tiragem inicial foi de 5.000 exemplares.

    No evento em São Paulo foram disponibilizadas 200 unidades, a R$ 50 cada uma.

    "Nós, juristas, estamos preocupados com a ordem jurídica no país, temendo um Estado de exceção", afirmou Carol. "A preocupação é que se faça justiça fora do direito."

    Os títulos dos textos resumem o tom da compilação. Por exemplo: "Lula, o inimigo a ser combatido" (de Laio Correia Morais e Vitor Marques), "Moro e a morte do direito" (de Wadih Damous), "Nada sobrou do devido processo legal. A sentença é nula!" (de Rômulo Luis Veloso de Carvalho) e "Kafka é fichinha" (de Sergio Servulo).

    Um dos autores presentes no lançamento foi o advogado trabalhista Luís Carlos Moro, apontado em discursos de colegas como "o Moro do bem". Seu artigo é intitulado: "O supereu a ser superado".

    "O Moro do mal", como foi chamado no evento o magistrado responsável pela Lava Jato em Curitiba, se tornou alvo nas falas.

    "Ele [Moro] passou a ser um juiz a favor do golpe da presidente Dilma. Não foi mera casualidade", disse no microfone o advogado criminalista Alberto Zacharias Toron ao relembrar a polêmica divulgação do áudio de um telefonema da ex-presidente a Lula. Para Toron, foi uma interceptação ilícita.

    'DEUSLLAGNOL'

    Outro convidado da noite, o advogado Antonio de Almeida Castro, conhecido como Kakay, repetiu o expediente de exibir um slide semelhante ao que o procurador Deltan Dallagnol usou na apresentação da denúncia contra o ex-presidente.

    Kakay, que se referiu ao procurador do Ministério Público Federal como "Deusllagnol", trocou o nome localizado ao centro da tela: em vez de Lula, Lava Jato.

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    Ele já havia mostrado o Power Point na sexta-feira (11) em Curitiba, ao participar de um júri simulado sobre a operação.

    Expressões como "reality show", "salvar o Brasil", "heróis da República" e "menos habeas corpus = mais celeridade" eram ligadas por setas ao título da força-tarefa. "Para demonstrar como é feita a Lava Jato", explicou o advogado.

    "O enfrentamento à corrupção tem que ocorrer dentro das garantias constitucionais", disse Kakay, para quem o Judiciário é conivente com "os abusos e o excesso de jogo midiático" da operação.

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