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    Governador do RN é alvo de operação da Polícia Federal

    BELA MEGALE
    DE BRASÍLIA
    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR
    RICARDO ARAÚJO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NATAL

    15/08/2017 07h22 - Atualizado às 12h21

    Pedro Ladeira - 5.nov.2014/Folhapress
    O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD)
    O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD)

    A Polícia Federal deflagrou nesta terça (15) a operação Anteros, que tem entre os alvos o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD).

    Houve busca e apreensão no apartamento do governador no bairro Areia Preta e na casa da Praia de Pirangi, em Parnamirim, além das sedes da Governadoria e da Assembleia Legislativa.

    Foram presos provisoriamente a assessora da Assembleia Legislativa Magaly Cristina da Silva e o advogado Adelson Freitas dos Reis. As prisões têm prazo de cinco dias.

    Ao todo, 11 mandados foram cumpridos –as duas prisões e nove buscas e apreensões. Todos foram expedidos pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

    "O ministro Raul Araújo Filho, da Corte Especial do STJ, determinou que fosse iniciada investigação preliminar para apurar os crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça que estariam sendo praticados pelo governador do Estado com ajuda de servidores estaduais", diz a PF, em nota.

    Os investigadores afirmam que as manobras ilegais tinham o objetivo de encobrir a apuração de atos do Executivo potiguar relativos ao desvio de recursos públicos por meio da inclusão de funcionários fantasmas na folha de pagamento da Assembleia Legislativa do Estado entre os anos de 2006 até os dias atuais.

    A Operação Anteros é um desdobramento da Operação Dama de Espadas, de 2015, que investigava um esquema de funcionários fantasmas da Assembleia Legislativa e resultou na prisão da então procuradora da Assembleia Legislativa, Rita das Mercês. Robinson Faria foi presidente do Legislativo estadual por quatro biênios, entre 2003 e 2010.

    Segundo a Folha apurou, a operação é decorrente de uma delação premiada que envolve todos os poderes do Rio Grande do Norte, Executivo, Legislativo e Judiciário, além de parcela significativa dos empresários de Natal.

    Yuno Silva/Tribuna do Norte
    Busca e apreensão na Governadoria do RN, sede do gabinete de Robinson Faria (PSD)
    Busca e apreensão na Governadoria do RN, sede do gabinete de Robinson Faria (PSD)

    A funcionária presa, Magaly Cristina da Silva, é coordenadora do projeto Assembleia Cidadã e havia sido citada na Dama de Espadas como beneficiada de recursos desviados do Poder Legislativo por meio de funcionários fantasmas na folha de pagamento, entre 2006 e 2011.

    O gabinete dela na Assembleia foi revistado por policiais federais, que recolheram documentos e mídias para análise. Procurada, a Assembleia ainda não se manifestou sobre o caso.

    Já o advogado Adelson Freitas dos Reis, aposentado pela Assembleia Legislativa como assessor técnico, também foi preso. Ele ocupa, atualmente, cargo no Gabinete Civil do Estado e é apontado como um dos assessores mais próximos do governador Robinson Faria. A assessoria do Gabinete Civil do Governo do Estado não foi localizada.

    Procurada, a Secretaria de Comunicação do Rio Grande do Norte informou que não tem detalhes sobre a operação e, por enquanto, não vai se manifestar sobre o caso.

    OUTRO LADO

    Em nota, o advogado responsável pela defesa do governador, José Luis Oliveira Lima, afirma que Robinson Faria "nega veementemente a prática de qualquer irregularidade" em seu mandato como deputado estadual e "sempre esteve à disposição para prestar qualquer esclarecimento".

    A defesa, que não teve acesso aos autos do processo, afirma ainda que "apesar de não concordar com a diligência realizada", o governador "tem profundo respeito pela Justiça e confia no rápido estabelecimento da verdade".

    ÁUDIO

    Em outro processo de delação, o da JBS, em uma gravação divulgada no último dia 11, a mulher de Joesley Batista, Ticiana Villas Boas, negou que teria se discutido pagamento de propina para o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), em um jantar em sua casa. As informações foram dadas por um dos colaboradores da J&F, o ex-diretor Ricardo Saud, que atuava como lobista do grupo no Congresso Nacional.

    Na audiência de homologação de sua delação premiada, Saud disse ao juiz que "foi um jantar muito elegante. Foi o Fábio Faria com a noiva dele, Patrícia Abravanel, filha do Silvio Santos, o Robinson Faria com a esposa dele, nós todos com as nossas esposas para tratarmos de propina", disse. Segundo ele, os pagamentos ilícitos estavam ligados às campanhas de 2014.

    Por meio de nota, Joesley Batista e Ricardo Saud afirmaram que a conversa sobre propinas para as campanhas do governador Robinson Faria e do deputado Fábio Faria, ambos do PSD, transcorreu sem a presença das mulheres.

    À época, a defesa de Fábio Faria disse que entraria com pedido no STF (Supremo Tribunal Federal), onde corre o processo sobre suposto beneficiamento ilícito do deputado, para anular a delação de Saud.

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