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    Lava Jato

    Esquema entre Petrobras e armadores gregos teria beneficiado PP

    RAFAEL NEVES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CURITIBA

    18/08/2017 15h14

    Paulo Lisboa - 24.mai.2017/Brazil Photo Press/Folhapress
    CURITIBA, PR, 24.05.2017 - LAVA-JATO - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, chega a sede da Justiça Federal em Curitiba (PR) para prestar depoimento na tarde desta quarta-feira (24).(Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa

    Mensagens indicam que partido acompanhava contratos e teria recebido parte de propinas pagas ao ex-diretor Paulo Roberto Costa

    Chamada de "Operação Sem Fronteiras", a 43ª Lava Jato –deflagrada nesta sexta (18) junto com a 44ª, que prendeu o ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT)– investiga propinas pagas por armadores gregos interessados em afretar navios à Petrobras.

    O ex-deputado petista não está envolvido nesta investigação. Segundo a PF, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa passava informações privilegiadas ao ex-cônsul da Grécia no Brasil Konstantinos Kotronakis sobre as licitações que a estatal abria para contratar navios de transporte de petróleo.

    Com essas informações, Kotronakis teria beneficiado dois conglomerados de armadores, o Grupo Tsakos e o Grupo Aegean, que juntos tiveram 19 contratos no valor total de US$ 794 milhões (R$ 2,51 bilhões no câmbio atual).

    Em troca, os empresários teriam pago propina a um grupo formado por Costa, Kotronakis e o lobista Henry Hoyer de Carvalho, apontado como operador de propinas da Petrobras para o PP (Partido Progressista), depois que o doleiro Alberto Youssef abandonou essa função, em 2010.

    O acordo previa 3% de propina sobre os contratos. Do montante, 40% eram direcionados a Costa, 20% a Kotronakis, 20% a Hoyer e os 20% restantes cobriam custos com a lavagem do dinheiro.

    Após cooperações com a Suíça e com Luxemburgo, o Ministério Público Federal rastreou o depósito de US$ 6,61 milhões (equivalente a R$ 20,1 milhões) a cinco contas ligadas a offshores controladas por Georgios Kotronakis (filho do ex-cônsul da Grécia), Humberto Mesquita (genro de Costa e morto em janeiro deste ano, vítima de câncer) e por Hoyer.

    À imprensa, em Curitiba, a força-tarefa se queixou da falta de colaboração das multinacionais com a investigação. "As empresas estrangeiras não têm cumprido seu papel e suas obrigações de também realizar suas investigações internas", criticou o procurador do MPF Paulo Roberto Galvão.

    PP

    Há indícios de que as propinas também eram divididas com o PP, que mantinha Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento.

    Em um pendrive apreendido na casa de Othon Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro, preso na 16ª fase da Lava Jato, em julho de 2015, há anotações que indicam que o partido acompanhava os contratos dos navios e cobrava providências.

    "O PP tem cobrado bastante uma posição e nós temos feito o possível para driblar. Alguma evolução sobre este assunto? Vai-se contemplar o PP com alguma coisa através do cônsul?", diz uma das anotações, de março de 2009.

    "Assim, em juízo preliminar, tem-se que as propinas eram repassadas não só a Paulo Roberto Costa, mas também à referida agremiação política [PP]", escreveu Moro.

    A reportagem ainda não conseguiu contato com as defesas de Hoyer e de Kotronakis e com o PP.

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