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    Lava Jato

    Procuradoria criou 'transe coletivo' e 'mito' sobre Cabral, segundo defesa

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    22/08/2017 15h55

    José Lucena - 10.jul.2017/Futura Press/Folhapress
    O ex-governador Sérgio Cabral deixa sede da Justiça Federal no Rio, após prestar depoimento
    O ex-governador Sérgio Cabral deixa sede da Justiça Federal no Rio, após prestar depoimento

    A defesa de Sérgio Cabral (PMDB) afirmou em suas alegações finais que o Ministério Público Federal criou um "mito" em torno do ex-governador, acusado de cobrar 5% de propina sobre os grandes contratos em sua gestão.

    Nas alegações finais apresentada à Justiça Federal no processo sobre pagamento de propina da Andrade Gutierrez, os advogados pedem a absolvição do peemedebista, alegando que as acusações não foram comprovadas.

    "Todo o discurso sanguissedento estrategicamente criado pela acusação, para obnubilar os 22 anos de excelentes serviços prestados pelo acusado ao Estado do Rio de Janeiro –com dois recordes de votação eleitoral– tem como justificativa apenas planilhas impressas fornecidas por pessoas que formalizaram com o parquet [Procuradoria] contratos de delação, cujas cláusulas são tantas quanto as suas próprias culpas", afirma a defesa.

    A peça repete as versões já apresentadas por Cabral em audiências na Justiça. Ele nega ter cobrado 5% de propina e afirma que apenas se apropriou de sobras de caixa dois de campanhas eleitorais.

    Os advogados Rodrigo Roca e Luciano Saldanha afirmam que a Operação Calicute, que prendeu o ex-governador em novembro, "deu início ao que viria a ser a maior caçada judicial da história forense em terras fluminenses".

    "Foi assim que o Ministério Público Federal conseguiu criar um ambiente de transe coletivo e um mito em torno do acusado, na esperança de que a repetição de bordões acusatórios, à exaustão, pudesse transformá-los em verdade", afirmou.

    Neste processo, Cabral é acusado de cobrar uma mesada de R$ 350 mil da Andrade Gutierrez pelas obras que seriam realizadas em sua gestão. A denúncia apresentada afirma que R$ 7,7 milhões foram efetivamente pagos. A empreiteira teria se recusado a dar mais em razão de prejuízos obtidos com as obras.

    JOIAS

    No documento apresentado à Justiça, o ex-governador nega também que tenha adquirido joias para lavar dinheiro.

    "Quem compra joias, de qualquer valor, e as usa, em nenhuma civilização estará tentando ocultar ou escamotear o seu poder aquisitivo. Quando muito estaria ostentando, até porque as joias refletem o seu valor de custo", escreveram os advogados.

    Ela também busca se afastar de seus ex-assessores Carlos Emanuel Miranda e Luiz Carlos Bezerra, apontados pela Procuradoria como os responsáveis por recolher a propina em dinheiro vivo.

    "O defendendo, reprise-se, não detinha o controle pleno sobre aqueles que o cercavam e não pode responder, nem em tese, por condutas de terceiros com as quais não aquiesceu expressamente, sejam de natureza criminal ou não", diz a defesa.

    Cabral já foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 14 anos e meio de prisão por propina paga pela Andrade Gutierrez em razão das obras do Comperj. Ele responde, no total, a 14 ações penais, além de ter outras investigações em curso.

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