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    Lava Jato

    Moro manda soltar ex-deputado Cândido Vaccarezza

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    22/08/2017 18h48 - Atualizado às 19h04

    Alan Marques - 1º.jul.2014/Folhapress
    O ex-deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) durante depoimento ao Conselho de Ética da Câmara
    Ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) durante depoimento ao Conselho de Ética da Câmara

    O juiz federal Sergio Moro determinou, nesta terça (22), a soltura do ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, que foi líder do PT na Câmara dos Deputados.

    Ele terá de entregar seu passaporte e pagar R$ 1,5 milhão em fiança, no prazo de dez dias.

    Vaccarezza foi preso na última fase da Operação Lava Jato, acusado de receber pelo menos US$ 478 mil (cerca de R$ 1,5 milhão, no câmbio atual) por contratos da Petrobras com a Sargeant Marine, empresa norte-americana que fornecia asfalto à estatal.

    Segundo as investigações, o ex-deputado tinha ascendência em negócios da Petrobras ligados à diretoria de Abastecimento, que estava sob influência do PP, e "apadrinhou" 12 contratos de fornecimento de asfalto.

    A ordem de Moro contraria o pedido do Ministério Público Federal, que havia solicitado a prisão preventiva do político –citando, inclusive, a apreensão de R$ 120 mil em espécie na casa de Vaccarezza como um "forte indício de que ele recebia e operava dinheiro em espécie". A prisão do ex-deputado, que era temporária, vencia nesta terça (22).

    O juiz levou em consideração, porém, que as provas sobre o envolvimento de Vaccarezza em outros crimes "ainda são limitadas", e que o ex-deputado não foi reeleito em 2014, o que diminui sua influência política.

    SAÚDE

    Moro ainda pondera que o político tem uma alteração na próstata e havia marcado uma biópsia para esta semana, segundo documentos apresentados por sua defesa.

    "Medidas alternativas [que não a prisão] propiciarão tempo para o esclarecimento da situação de saúde do investigado e para o aprofundamento das investigações", escreveu Moro.

    O juiz determinou a entrega do passaporte e a proibição de que Vaccarezza exerça cargos na administração pública ou faça contato com demais investigados.

    O ex-deputado pode ser liberado imediatamente, e só depois pagar a fiança, no prazo de dez dias.

    Atualmente, Vaccarezza atua como médico ginecologista na rede pública do município de São Paulo.

    Moro também mandou soltar o ex-gerente da Petrobras Márcio Albuquerque Aché Cordeiro, que havia sido preso na mesma fase da operação. Para ele, foi estabelecida uma fiança de R$ 371 mil.

    OUTRO LADO

    O advogado de Vaccarezza, Marcellus Ferreira Pinto, afirmou que a decisão de soltura "não surpreende", e nega que o ex-deputado tenha intermediado negociações entre empresas privadas e a Petrobras.

    "Estamos convictos da inocência de Vaccarezza, que teve seu nome indevidamente incluído nos fatos investigados", afirmou Pinto.

    Para ele, não havia motivos para a manutenção da prisão do ex-deputado.

    "[Vaccarezza] não exerce mais o mandato eletivo, não ocupa cargos na Administração Pública Federal, não mantém contatos com quaisquer dos investigados no presente inquérito. Em resumo, os fatos se referem a período pretérito e envolvem a discussão de mérito, ou seja, se o acusado praticou ou não os crimes que lhe são imputados", escreveu o defensor.

    Sobre os R$ 120 mil encontrados na casa do ex-deputado, o defensor afirma que eram de um empréstimo feito por um amigo, para o pagamento de um premente tratamento de câncer que não seria coberto pelo plano de saúde de Vaccarezza.

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