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    Ministros do STF defendem voto distrital misto e cláusula de barreira

    LETÍCIA CASADO
    DE BRASÍLIA

    22/08/2017 21h23

    Carolina Antunes/Xinhua
    Ministro Ricardo Lewandowski
    Ministro Ricardo Lewandowski, que defende que seja repensada a cláusula de barreira

    Dois ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) defenderam nesta terça (22) o voto distrital misto e a implementação de cláusula de barreira.

    Para Alexandre de Moraes, o voto distrital misto pode baratear o pleito.

    "O melhor no Brasil nesse momento seria o voto distrital misto, com lista fechada. Como na Alemanha, com cláusula de desempenho", disse.

    Segundo ele, foi um erro "adotar o sistema proporcional com coligação partidária sem uma cláusula de desempenho". "No mínimo, deveríamos ter para o ano que vem o fim das coligações proporcionais e cláusula de desempenho", completou.

    CLÁUSULA DE BARREIRA

    Ricardo Lewandowski concordou que a cláusula de barreira deve ser repensada.

    "A cláusula de desempenho, quando votamos, entendemos que naquele momento a lei como estava redigida não permitia que os pequenos partidos pudessem eventualmente tornar-se grandes partidos, protagonista do cenário público. O STF não colocou uma barreira intransponível quando derrubou aquela cláusula existente", afirmou.

    "Acho que cabe ao Congresso, dentro das balizas que o STF estabeleceu, fazer uma nova cláusula. Não há nada inconstitucional em se estabelecer cláusulas de barreira", disse.

    Lewandowski também citou a Alemanha como exemplo de sistema que deu certo.

    "O distrital misto é praticado na Alemanha e tem dado certo. É um sistema consagrado porque ao mesmo tempo fortalece os partidos políticos e dá maior possibilidade de o eleitor eleger, concentrar seus votos em nome de um determinado distrito."

    VOTO PROPORCIONAL

    Para ele, "o voto proporcional com coligações tem apresentado distorções reconhecidas pelos especialistas, pelos políticos" e isso "precisa ser modificado".

    Além de Moraes e Lewandowski, Luís Roberto Barroso em entrevista à Folha também defendeu a implementação do voto distrital misto.

    Moraes e o colega Marco Aurélio criticaram a criação de um fundo eleitoral no valor de R$ 3,6 bilhões, em debate no Congresso.

    "Vejo como muito dinheiro. Vamos esperar para ver o que ocorrerá", afirmou Marco Aurélio.

    "Não sou a favor de um fundo partidário de quase R$ 4 bilhões", disse Moraes.

    Barroso já disse que o fundo público de R$ 3,6 bilhões proposto na reforma política é o símbolo máximo da falta de sintonia do Congresso Nacional com a população.

    FINANCIAMENTO

    Em 2015, por 8 votos a 3, o STF decidiu que é inconstitucional o financiamento de empresas para campanhas eleitorais e partidos. A decisão impacta as disputas eleitorais, uma vez que as empresas são os maiores doadores de políticos e partidos.

    Agora, os parlamentares pretendem aprovar um novo fundo de R$ 3,6 bilhões para ampliar o financiamento público.

    "O horário eleitoral gratuito tem isenção de impostos para quem cede. O fundo partidário é um dinheiro que poderia ir para o contribuinte", disse Moraes, acrescentando que "não seria razoável" criar o fundo com esse montante.

    Eles defendem que as campanhas sejam barateadas.

    "Penso que vai haver realmente um barateamento nas eleições. Continuo entendendo que a melhor propaganda é em viva voz, quando o candidato revela plataforma e diz o que pensa em fazer uma vez ocupando a cadeira.
    E que venha ocupar a cadeira para servir, não se servir dela", disse Marco Aurélio.

    Alexandre de Moraes tem o mesmo entendimento: "Por que campanha política precisa ser cinematográfica? Existem campanhas, principalmente majoritárias, cuja gravação é melhor do que de minissérie".

    Editoria de Arte/Folhapress

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