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    Lava Jato

    TRF-4 vê 'vício' em acordo de leniência entre Ministério Público e Odebrecht

    DE SÃO PAULO

    23/08/2017 16h54 - Atualizado às 19h24

    Rodrigo Félix Leal - 1º.set.2015/Futura Press/Folhapress
    Marcelo Odebrecht, em depoimento na CPI da Petrobras, na sede da Justiça Federal, em Curitiba (PR)
    Marcelo Odebrecht, em depoimento na CPI da Petrobras, na sede da Justiça Federal, em Curitiba (PR)

    O Tribunal Regional Federal da 4ª Região manteve indisponíveis os bens da Odebrecht em sessão realizada nesta terça-feira (22). O órgão entendeu, de maneira unânime, que houve vício no acordo de leniência firmado entre a empreiteira e o MPF (Ministério Público Federal).

    Isso porque, segundo interpretação da lei, a CGU (Controladoria-Geral da União) e a AGU (Advocacia-Geral da União) deveriam ter participado das negociações.

    Após o acordo de leniência, os bens da Odebrecht haviam sido desbloqueados em primeira instância. A União recorreu ao tribunal e, em maio deste ano, o desembargador federal Fernando Quadros da Silva deu provimento liminar ao pedido.

    Em nota, o Ministério Público discordou da decisão do tribunal e disse que será apresentado recurso para as instâncias competentes.

    "Os acordos feitos pelo Ministério Público têm surtido efeitos regularmente e não sofreram questionamentos em outros julgamentos. Os acordos de leniência são feitos com o objetivo de expandir as investigações, angariando informações e provas sobre crimes graves, assim como maximizar o ressarcimento aos cofres públicos", diz o texto.

    O acordo de leniência é aquele estabelecido entre o poder público e a empresa infratora, que se compromete a auxiliar nas investigações em troca de benefícios.

    Com o pagamento de multa estimada em mais de R$ 8 bilhões (em 23 parcelas anuais, já com correção da taxa Selic), a Odebrecht pode continuar a ser contratada pela administração pública e retirar entraves de obtenção de empréstimos junto a instituições financeiras.

    A negociação dos acordos de leniência vinha causando desentendimento entre o MPF e órgãos como o TCU (Tribunal de Contas da União), a CGU e a AGU, que não reconheciam a soberania das tratativas.

    O entendimento do TRF-4 pode colocar em xeque outros acordos firmados pelo MPF, como aquele em que a J&F se comprometeu a pagar multa de R$ 10,3 bilhões. Em junho, a AGU solicitou à Justiça acesso integral aos termos do acordo.

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