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    Às vésperas do segundo turno no Amazonas, campanha não esquenta

    VANDRÉ FONSECA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MANAUS

    23/08/2017 20h26

    Edmar Barros/Futura Press/Folhapress
    MANAUS,AM,06.08.2017:ELEIÇÃO-GOVERNADOR - Candidato Amazonino Mendes (PDT) vota na Secretaria do Estado da Fazenda (SEFAZ), na manhã deste domingo (6), em Manaus (AM), durante 1º turno da Eleição Suplementar para Governador do Amazonas determinada pelo TSE após a cassação do Governador José Melo.
    Candidato Amazonino Mendes (PDT) ao votar no primeiro turno da eleição, em Manaus

    A decisão será no próximo domingo (27), mas nas ruas os próprios eleitores afirmam ver poucos sinais de que o Amazonas está às vésperas do segundo turno das eleições suplementares, que escolherão o novo governador do Estado.

    O pouco tempo para candidatos prepararem as campanhas e a desconfiança da população são apontados como causas da falta de empolgação dos eleitores com a disputa entre o ex-governador Amazonino Mendes (PDT) e o senador Eduardo Braga (PMDB).

    Com o prazo curto, os candidatos tiveram também período menor para buscar recursos.

    Isso, associado à proibição de doações feitas por empresas, resultou em orçamento escasso nos comitês, menos viagens ao interior e redução na contratação de cabos eleitorais. Com o cenário, os candidatos não conseguiram esquentar o clima de campanha.

    "Estou achando [a campanha] bem tranquila, não estou vendo aquele pessoal com bandeira nas ruas", diz o consultor de vendas Geylker Carvalho, 43, que ainda está indeciso sobre a escolha. "Nem parece que tenho de votar domingo."

    As eleições suplementares para o governo do Amazonas foram determinadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em maio, após ser confirmada a cassação de José Melo (PROS), então governador.

    Nove candidatos disputaram o primeiro turno, no dia 6 deste mês. Amazonino foi o mais votado, com 38,77% dos votos válidos. Braga, com 25,36%, ficou em segundo.

    Coordenador de marketing da campanha de Amazonino, Marcos Martinelli diz que o pouco tempo de preparação dificultou o trabalho. Entre os favoritos, o ex-governador foi o último a confirmar a candidatura.

    "Foi uma dificuldade maior para arregimentar pessoas, montar estruturas e conseguir organizar núcleos para chegar à periferia e ao interior", afirma Martinelli.

    Suamy Beydoun/Agif/Folhapress
    MANAUS, AM, 06.08.2017: ELEIÇÕES-AM - Senador pelo PMDB-AM e candidato a governador, Eduardo Braga, vota neste domingo (6) nas eleiçõe suplementares do Estado do Amazonas. Braga foi Ministro de Minas e Energia do governo Dilma Rousseff, e é um dos investigados na Lava Jato.
    Candidato Eduardo Braga (PMDB) durante a votação no primeiro turno, no Amazonas

    Para Afrânio Soares, diretor da Action Pesquisas, que presta serviços à coligação de Eduardo Braga, a campanha pegou os políticos de surpresa. Nem mesmo o senador, autor da ação que resultou na cassação de Melo, estava preparado, segundo o assessor.

    A expectativa era que a sucessão no governo estadual ocorresse só no ano que vem. "Aí, de repente, vieram as eleições", diz Soares. "O que eu costumo presenciar é uma preparação anterior de mais de seis meses."

    NULOS E BRANCOS

    Já no primeiro turno, o eleitor demonstrava pouco interesse na campanha e nos candidatos.

    Abstenções somadas a votos brancos e nulos superaram, com folga, a votação do primeiro colocado. No total, 849.528 eleitores deixaram de escolher um dos candidatos no primeiro turno, enquanto Amazonino Mendes obteve 577.397 votos.

    No primeiro turno da eleição para o governo em 2014, brancos e nulos representaram pouco menos de 9%. Desta vez, chegaram a quase 16%.

    Para Martinelli, a corrida pelo governo demorou a chegar ao interior porque a maior parte dos municípios recebe programação de TV e rádio gerada em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Além disso, afirma o representante da campanha de Amazonino, foi "uma campanha solitária", sem candidatos a deputados ou vereadores, considerados "puxadores de votos".

    "Na nossa pesquisa, mais de 70% das pessoas de Manaus viram algum programa ou material de campanha. Ou seja, 30% das pessoas não se interessaram pela campanha."

    Já para Soares, da chapa adversária, o voto branco ou nulo é um recado das urnas. "Na cabeça do eleitor, é um protesto", diz.

    'SÓ PROMESSA'

    Para a empresária Cláudia Teles, 30, é bom que a movimentação das ruas esteja bem menor do que em campanhas passadas. "Eles melhoraram essa situação de boca de urna, não estão fazendo aquela coisa horrorosa, deixando sujeira na cidade", afirma.

    A autônoma Maria Lima da Silva, 52, demonstra até irritação com a obrigação deste domingo. Diz que só vai votar para manter a documentação em dia. "Foi uma coisa que pegou a pessoa de surpresa, porque não era para ter."

    Já o feirante Éricles Silva dos Santos, 18, nem tirou o título eleitoral. "Acho melhor pagar R$ 3,50 do que votar em uma coisa que é só promessa."

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