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    Lava Jato

    Mulher de Gilmar diz que este é o momento 'mais ridículo' pelo qual já passou

    LETÍCIA CASADO
    DE BRASÍLIA

    30/08/2017 15h22

    Monica Bergamo - 6.ago.2016/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 30-08-2017, 12h00: Parlamentares ligados ao meio ambiente fazem ato contra o decreto do presidente Temer que acaba com a reserva mineral Renca, na amazônia. Partiparam parlamentares de várias legendas, como o líder da Rede dep. Alessandro Molon (REDE-RJ) e o líder do PSDB dep. Ricardo Tripoli (PSDB-SP) e a ex senadora Marina SIlva. No salão verde da câmara dos deputados. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Guiomar Mendes e o marido, o ministro Gilmar Mendes

    Guiomar Mendes, mulher do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse nesta quarta-feira (30) por meio de nota que este é o momento "mais ridículo" que já viveu Brasília.

    As relações da família Mendes com o empresário Jacob Barata Filho, o rei do ônibus no Rio, estão sendo questionadas pelo Ministério Público Federal.

    "Já vivi momentos de graves crises nessa Brasília! Mas esse, sem dúvida, é o mais ridículo por que já passei", diz a nota de Guiomar Mendes.

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu o impedimento e a suspeição de Gilmar em casos envolvendo o empresário. O ministro concedeu habeas corpus a Barata Filho e a outros envolvidos na Operação Ponto Final.

    Entre os argumentos de Janot então as relações familiares de Barata Filho e Guiomar.

    Nesta terça a Procuradoria-Geral da República recebeu um ofício do Ministério Público do Rio sobre uma entrega de flores de Barata Filho a Guiomar.

    FLORES

    "Estou em Bucareste e, em razão do fuso horário e da dificuldade de acessar a internet, fiquei sabendo agora de umas flores supostamente enviadas por Jacob Barata à minha casa. Num primeiro momento, turbinam o fato de que meu nome consta em agenda de Barata. Agora o escândalo das flores!!!", diz Guiomar.

    "É uma grande associação de fatos ridículos e que não provam nada. Esses, os fortes fundamentos para a arguição de suspeição do Gilmar? Suspeição arguida, diga-se, porque deferido o habeas corpus. Volto a dizer, tivesse sido indeferido, não se falaria em suspeição", continua a advogada.

    Ela afirma ainda que não se recorda de ter recebido as tais flores e isso não significa absolutamente nada.

    "Voltemos a falar das flores. Não lembro de tê-las recebido, como também é impossível recordar quantas flores já nos foram enviadas com objetivo de nos cumprimentar e, principalmente, o Gilmar, em razão de uma posse, de um evento, ou de homenagem, ou de uma palestra ou entrevista, sei lá."

    Ela critica a atuação do Ministério Público Federal e diz que faltam indícios de que tenha praticado qualquer ato questionável.

    "Se os procuradores encontrassem o cartão do Barata ou dos Baratas ou um cartão meu agradecendo, me prestariam uma grande ajuda e eu teria condições de esclarecer a que propósito essas flores nos foram enviadas. Daí, quem sabe, não seria evidenciada essa intimidade que eles tanto querem estabelecer? Disse e repito: não temos e nunca tivemos proximidade com Jacob Barata. Ponto."

    SUSPEIÇÃO

    Na segunda (28) a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, pediu que o colega Gilmar Mendes se manifeste sobre o pedido de impedimento em casos envolvendo Jacob Barata Filho.

    O ministro está em viagem e deve retornar ao Brasil em 7 de setembro. Só então ele vai responder ao pedido de informações.

    Segundo a Procuradoria, Gilmar foi padrinho de casamento da filha do empresário, Beatriz Barata, em 2013. Gilmar nega e afirma que apenas acompanhou sua mulher, Guiomar Mendes, ao evento –o noivo, Francisco Feitosa Filho, é sobrinho dela.

    Em agosto, Gilmar concedeu habeas corpus a Jacob Barata Filho. Pouco depois, o juiz federal Marcelo Bretas determinou nova prisão preventiva contra o empresário. Depois, o ministro deu nova decisão e soltou Barata Filho.

    Em seguida, o ministro estendeu os benefícios a outros oito investigados na Ponto Final.

    O Ministério Público Federal também aponta vínculos na relação de sociedade entre Barata Filho e o cunhado do ministro.

    "Conforme apuração do Ministério Público Federal, Jacob Barata Filho integra os quadros da sociedade Autoviação Metropolitana Ltda, ao lado, entre outros sócios, da FF Agropecuária e Empreendimentos S/A, administrada por Francisco Feitosa de Albuquerque Lima, cunhado do ministro Gilmar Mendes", informa a PGR.

    Além disso, Guiomar Mendes trabalha no escritório de advocacia Sergio Bermudes, ligado a alguns dos investigados.

    "Nas cautelares penais, foram decretadas constrições em prejuízo de pessoas jurídicas diretamente relacionadas a Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira, que foram processualmente representadas pelo escritório de Sérgio Bermudes: Fetranspor, Riopar, Alpha Participações e Guanabara Participações e Empreendimentos Imobiliários", aponta a PGR.

    Para Janot, a isenção e a imparcialidade de Gilmar ficam comprometidas por causa dessas relações.

    A operação apura pagamento R$ 260 milhões em propina entre 2010 e 2016 de empresários a políticos e funcionários de departamentos públicos de fiscalização ligados ao setor de transportes.

    O ex-governador Sérgio Cabral obteve R$ 122 milhões no esquema, segundo a investigação.

    GILMAR MENDES

    Em entrevista ao UOL, o ministro Gilmar Mendes afirmou que o pedido de suspeição que tenta afastá-lo do caso sobre o "rei do ônibus" se baseia "num falso escândalo". E que, na verdade "tentam inibir o Supremo."

    Gilmar afirmou novamente que não vê motivo para deixar de atuar no caso.

    Sobre as flores que ele e a mulher, Guiomar, teriam recebido do "rei do ônibus": "Sei lá por que Jacob Barata mandou flores em 2015 para Guiomar e para mim!".

    E desqualificou o procurador-geral. "Janot é mais um legado do petismo", disse.

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