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    Maia defende 'novo centro' com PC do B para combater 'crise ética' no país

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    30/08/2017 18h19

    Gabriel Cabral/Folhapress
    Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM)
    Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM)

    Os discursos eram dos mais críticos a Michel Temer. Se fosse o titular do Palácio do Planalto, não passaria nem perto do lançamento do 14º Congresso do PC do B, nesta quarta-feira (30), no Salão Nobre da Câmara. Mas o presidente interino da República, Rodrigo Maia (DEM-RJ), era o convidado de honra, e se esforçava para não parecer um estranho no ninho.

    Enquanto a presidente do Partido Comunista do Brasil, Luciana Santos, reverberava que o país precisa sair logo da crise com a construção de uma frente ampla que lute pelos direitos "dos trabalhadores e do povo", Maia se apressava em folhear o documento que convidava para o encontro da sigla fundada em 1962, com inspiração marxista.

    Ao se aproximar do púlpito, o deputado dos Democratas, fundado em 2007 com ideologia conservadora e liberal, chamou Luciana de "minha amiga" e evocou um "novo centro", em que seu partido pode se alinhar ao PC do B para tirar o país de "uma grave crise política, ética e econômica".

    "O centro não é o ambiente onde cada um de nós abre mão de suas ideias e convicções. O centro, penso eu, daqui pra frente, é o ambiente onde pessoas que pensam diferente têm a capacidade de dialogar. E é isso que eu tenho tentado fazer sempre e, principalmente agora, como presidente da Câmara", disse Maia em um discurso de cinco minutos.

    "O centro é o espaço onde o PC do B pode conversar com o Democratas, com o PSDB, com o PT... onde todos precisam dialogar para que, em conjunto, possamos tirar o Brasil dessa grave crise política, ética e econômica em que vivemos", completou.

    BASE DO PARTIDO

    O discurso é calculado. Maia quer ampliar a base parlamentar de seu partido, o DEM, inclusive com deputados dissidentes do PSB. O objetivo é tentar conquistar o eleitor de centro-direita que, segundo seu diagnóstico, ficou órfão com a falta de unidade do PSDB –partido que costumava abocanhar essa fatia de votos.

    Quem pareceu não gostar muito da ideia, aliás, foi o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que também estava na solenidade, ao lado de parlamentares e dirigentes de partidos como PT, PSOL, PC do B e PDT, todos de oposição a Temer.

    Maia e Siqueira se cumprimentaram timidamente e uma cadeira vazia separou os dois durante o evento.

    Foi a chegada das bochechas rosadas do deputado André Fufuca (PP-MA), presidente interino da Câmara e aliado ao governo, que distensionou um pouco o ambiente. Sorridente, sentou-se entre Siqueira e Maia, que apontava a cadeira com olhos como quem diz: "sente-se aqui, sente-se aqui".

    Fufuca obedeceu. E ainda discursou de improviso. Disse que as falas escritas são como flores "que perdem o cheiro".

    FÊNIX

    Falou rápido, mas fez questão de dizer que se sentia "engrandecido" por comparecer a um evento do PC do B que, para ele, é "a fênix da democracia".

    Ficou para a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), fazer o discurso mais duro contra Temer enquanto Maia ainda estava presente.

    A petista lembrou que nesta quinta-feira (31) completa-se um ano do impeachment de Dilma Rousseff e disse que o país não melhorou desde então. Para ela, a união que vai tirar o Brasil da crise é formada por vários partidos, mas somente os "de esquerda e centro-esquerda".

    Não deu espaço para o DEM de Maia, que aplaudiu a petista e saiu mais cedo para terminar de cumprir sua agenda no Planalto. O deputado será presidente do Brasil até 6 de setembro, quando Temer retorna de uma viagem à China, onde foi para a reunião da cúpula dos Brics.

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