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    Sob pressão, Alckmin diz querer ser 'presidente do povo brasileiro'

    DE SÃO PAULO

    31/08/2017 12h59 - Atualizado às 20h20

    Bruno Santos - 11.jul.2017/Folhapress
    O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao lado dos tucanos José Serra, Beto Richa e Tasso Jereissati
    O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao lado de José Serra, Beto Richa e Tasso Jereissati

    Sob pressão com a movimentação do prefeito paulistano, João Doria (PSDB), para se viabilizar presidenciável, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), vem adotando atitude cada vez mais incisiva como candidato e, em tom de campanha, declarou nesta quinta-feira (31) que "quer ser o presidente do povo brasileiro".

    "Da elite, não. Quero ser o presidente do povo brasileiro, de empresários que geram emprego, do povo trabalhador sacrificado do Brasil, muitas vezes injustiçado", afirmou o governador.

    O tucano, que costuma repetir que "eleição é em ano par" e que não antecipa campanha, declarou publicamente nas últimas semanas o desejo de disputar a Presidência e tem dito a interlocutores que Doria não o impedirá.

    O prefeito foi eleito, com apoio decisivo de Alckmin, beneficiado pela rejeição da sociedade ao establishment, com o mote de que não é um político, mas um gestor.

    Nesta quinta, o governador tucano fez um contraponto à posição do antigo apadrinhado. "O que eu quero deixar claro é que a política, a boa politica, correta, que não se verga, que tem princípios é que vai pôr o Brasil no rumo, [fazê-lo] reencontrar o rumo do crescimento, de geração de emprego, de uma sociedade mais justa", defendeu.

    "O Brasil é um país profundamente injusto, injusto na maneira como arrecada tributos, injusto na maneira como os devolve à sociedade."

    Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress
    Alkmin de Hillary
    Segundo a consultoria Eurasia, Alckmin é a Hillary Clinton do Brasil

    COMPARAÇÃO 'HILÁRIA'

    Alckmin debochou da comparação feita pela consultoria americana Eurasia de seu nome ao da democrata Hillary Clinton, que perdeu para Donald Trump a disputa presidencial nos EUA.

    "Não é Hillary, é hilário. Se conhecessem um pouquinho o Brasil, iam saber que a Hillary teria ganho a eleição aqui. Ela teve quase 3 milhões de votos a mais do que o Trump. Ela perdeu porque o modelo americano é diferente [baseado num colégio eleitoral]", afirmou.

    "Estou acostumado. Na última eleição, diziam que eu não ganharia por causa da crise hídrica, ganhei no primeiro turno. Dos 645 municípios, venci em 644. Fato inédito", gabou-se.

    A Eurasia sustentou a comparação no fato de os dois, em seu ponto de vista, representarem o establishment, o que seria prejudicial em momento de rejeição da população à política.

    "A boa política, que não se verga, é que vai por o Brasil no rumo", rebateu o tucano.

    Para a consultoria, que avalia riscos políticos para investidores, o grande obstáculo para a agenda econômica no Brasil é a ausência de um candidato competitivo pró-reformas em 2018.

    Segundo a Eurasia, o sentimento antiestablishment será intenso nas eleições de 2018. O estudo afirma que a candidatura do ex-presidente Lula não ameaça o mercado.

    O que ameaçaria o mercado, de acordo com o diagnóstico, seria a ausência de uma figura como Doria, que levanta a bandeira da antipolítica.

    "O risco não é o Lula concorrer, mas sim que alguém como João Doria não concorra", afirmou a consultoria.

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