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    Janot deverá ser alvo de 'flechadas' ao deixar cargo

    CAMILA MATTOSO
    TALITA FERNANDES
    DE BRASÍLIA

    03/09/2017 02h00

    Sérgio Lima/Folhapress
    BRASÍLIA, (DF), 05-08-2017 Entrevista exclusiva com o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, em sua residência, no Lago Sul. Foto: Sérgio Lima/Folhapress ***ESPECIAL***EXCLUSIVA*** ORG XMIT: Sergio Lima
    O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot

    A menos de duas semanas do fim do mandato do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a defesa de investigados na Lava Jato já começa a estudar possíveis ações contra o atual chefe do Ministério Público.

    Janot, que intensificou o envio de denúncias ao STF (Supremo Tribunal Federal) na reta final no cargo, pode ter de responder na Justiça a questionamentos sobre possíveis excessos vistos por políticos nas ações das quais são alvos.

    Já ciente da possibilidade de se tornar alvo, o procurador-geral, cujo mandato se encerra dia 17 de setembro, não deve se aposentar imediatamente, garantindo foro especial no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Em caso de aposentadoria, o procurador passaria a responder na primeira instância.

    Em entrevista à Folha no mês passado, Janot disse que pretende tirar férias acumuladas até o mês de abril de 2018. Na sequência, avalia uma licença até o mês de julho, quando tem planos de se aposentar.

    Parlamentares ouvidos reservadamente pela Folha admitem ter pedido a seus advogados que estudem a possibilidade de devolver ao procurador as "flechadas" que ele vem disparando em acusações formais.

    O termo é uma referência à declaração de Janot no início de julho, quando ele afirmou que "enquanto houver bambu, lá vai flecha", sobre o andamento das investigações na reta final do seu mandato.

    A fala foi interpretada como um "vale-tudo" por parlamentares, que querem revidar as ações do Ministério Público. Advogados estudam entrar com ações alegando que o procurador errou o tom ao usar termos agressivos contra os investigados nas peças de abertura de inquérito.

    Um exemplo é ele ter escrito que alguns partidos políticos, como o PMDB, são "organizações criminosas" em um documento que pedia autorização para iniciar as apurações.

    Outros políticos reclamam do que classificam de "multiplicação" de inquéritos que tratam de um mesmo assunto, alegando que Janot tem se valido de quantidade para elevar o grau de suspeição sobre políticos.

    A proximidade do fim de mandato de Janot diminuiu a resistência de políticos a direcionarem ataques ao procurador.

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