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    Pensando em 2018, PT torce por decisão sobre Lula até abril

    IGOR GIELOW
    DE SÃO PAULO

    08/09/2017 02h00

    Bruno Santos/Folhapress
    SAO LUIS MA, BRASIL, 05-09-2017: O ex presidente Lula visita o POrto de Itaqui, junto com o governador do Estado Flavio Dino. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FSP-PODER *** EXCLUSIVO FOLHA***
    Ex-presidente Lula no final da caravana pelo Nordeste

    Considerando a batalha jurídica para evitar a inelegibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva virtualmente perdida, o PT agora torce para que a decisão sobre o caso ocorra no máximo até abril.

    Mesmo com a significativa piora da situação política de Lula após o depoimento arrasador de Antonio Palocci à Justiça, a lógica petista é a de insistir publicamente na candidatura do ex-presidente ao Planalto em 2018.

    Enquanto isso, o partido prepara o caminho para um outro nome –hoje, o mais cotado é Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo.

    Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro na primeira instância da Justiça Federal por corrupção e lavagem de dinheiro, no processo referente ao tríplex do Guarujá.

    O caso será agora julgado em segunda instância pelo TRF (Tribunal Regional Federal) de Porto Alegre e, se confirmada a sentença, Lula se torna ficha suja por ter sido condenado por colegiado –e, se a pena não for alterada, poderá ir para a cadeia.

    Segundo advogados do petista, o andamento processual até aqui permite prever um julgamento entre meados de março e começo de abril.

    O "timing", para o PT, seria suficiente para estruturar a campanha de Haddad –ou, como sugerem alguns petistas, de outro moderado mais experiente e não paulista, como Jaques Wagner (BA).

    O novo candidato seria ungido por um Lula condenado, amparado no discurso de que o líder é vítima de perseguição política que ainda ressoa entre eleitores do partido.

    Reservadamente, segundo a Folha apurou, líderes petistas temem que o julgamento ocorra mais perto da convenção que irá definir a candidatura, no fim de julho.

    Assim, ficaria mais difícil a nacionalização do novo nome. A meta é menos a vitória e mais a competitividade que mantenha o partido em evidência no cenário político.

    Até lá, de todo modo, Lula permanecerá no palanque em campanha antecipada –segundo a legislação eleitoral, a campanha só pode começar em 16 de agosto.

    O PT considera que ele será, de qualquer modo, candidato no ano que vem. Seja em pessoa ou por procuração.

    Além disso, manter-se em evidência auxilia sua estratégia de defesa, já que aumenta a responsabilidade da decisão dos desembargadores.

    Com 30% das intenções de voto, Lula lidera os levantamentos disponíveis. Se houver uma reviravolta jurídica, naturalmente ele será o candidato, apesar do desgaste.

    Mas o PT acredita que um candidato centrista como Haddad poderia atrair parte da classe média que Lula perdeu ao longo dos anos.

    O raciocínio desconsidera, contudo, que esses 30% são lulistas, mas não necessariamente petistas. O ex-presidente tem grande penetração em eleitorado pobre e conservador, que pode ser atraído por candidatos de outras faixas do espectro político.

    Enquanto lida com a contínua erosão de sua imagem pública pela Operação Lava Jato, Lula segue costurando a estratégia para 2018.

    Além de tentar atrair o pedaço à esquerda que se desprender do desmonte do PSB, o partido busca nomes chamativos em suas hostes para concorrer ao Congresso.

    O PT não crê que possa manter seus 58 deputados, mas aposta numa bancada de pelo menos 40 nomes para manter influência e acesso a verbas do Fundo Partidário.

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