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    Lava Jato

    Para Barroso, nova denúncia contra Temer mostraria sistema político ruim

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    08/09/2017 13h52

    Evaristo Sá - 20.jun.2017/AFP
    O ministro Luís Roberto Barroso em sessão no STF
    O ministro Luís Roberto Barroso em sessão no STF

    Em palestra nesta sexta-feira (8) em Washington, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso disse que a eventual apresentação de uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer mostra que o sistema político brasileiro "opera de forma muito ruim".

    "Esse indiciamento confirma que o sistema opera de forma muito ruim, porque é um sistema no qual todos os atores relevantes enfrentam problemas. Provavelmente todos os ex-presidentes menos um enfrentam problemas", disse Barroso, que não quis confirmar se o pedido de abertura de novo indiciamento já havia sido encaminhado para a presidente do STF, Cármen Lúcia.

    "O relator vai checar as formalidades básicas e o próximo passo será mandá-lo para a Câmara dos Deputados de acordo com o procedimento constitucional estabelecido para o indiciamento do presidente", limitou-se a dizer Barroso durante evento no Brazil Institute do Wilson Center, na capital americana.

    Questionado sobre a possibilidade de prisão dos delatores da JBS, incluindo Joesley Batista, depois que o procurador-geral, Rodrigo Janot, decidiu pedir a revogação da imunidade concedida sob acordo de delação, Barroso também evitou comentar.

    "Os juízes falam depois de decidir, ao fim da investigação. Quando vier para a mão, vou ter uma opinião. Agora, sou estou olhando", disse.

    Com a revogação da imunidade, haveria a possibilidade de Janot pedir sua prisão.

    NOVOS ÁUDIOS

    O movimento foi feito depois de um áudio entregue à PGR no último dia 31 sugerir que o ex-procurador Marcello Miller teria ajudado Joesley e Ricardo Saud, diretor e lobista do grupo JBS, no processo de delação quando ainda era procurador.

    Ao retirar o benefício, Janot considerou que houve descumprimento do acordo de delação. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República por quase três horas nesta quinta (7), Joesley disse que não recebeu orientações de Miller para negociar o acordo de delação, nem para gravar o presidente Michel Temer em encontro no Palácio do Jaburu, em março.

    Além de Joesley, Saud e outro delator da JBS, Francisco de Assis e Silva, executivo e advogado da empresa, também prestaram depoimento na quinta. Miller deve depor nesta sexta (8).

    Na quarta, o também ministro do STF Luiz Fux defendeu a prisão de Joesley e dos outros delatores da JBS. Segundo Fux, os delatores "ludibriaram a Procuradoria, degradaram a imagem do Brasil no plano internacional e atentaram contra a dignidade da Justiça".

    "Eles devem sair do exílio nova-iorquino para o exílio da Papuda", disse Fux, em referência à prisão do Distrito Federal.

    A reação veio depois que, em um dos áudios revelados nos últimos dias, Joesley e Saud falavam em pressionar o ex-ministro da Justiça do governo Dilma, José Eduardo Cardozo, que, segundo Saud, teria cinco ministros do Supremo "na mão" –sem esclarecer o que seria isso.

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