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    Lava Jato

    Advogado de Joesley diz que Janot age com 'falta de lealdade'

    DE BRASÍLIA

    10/09/2017 16h55

    Recém-contratado para defender o empresário Joesley Batista, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, afirmou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, age com "falta de lealdade ao insinuar que o acordo de delação foi descumprido" pelo executivo.

    Joesley, sócio majoritário da J&F, controlador do frigorífico JBS, e o ex-executivo e lobista do grupo, Ricardo Saud, se entregaram neste domingo (10) na sede da Polícia Federal em São Paulo após o Supremo Tribunal Federal autorizar a prisão temporária de ambos. O pedido foi feito na sexta-feira (8) por Janot.

    Em nota, Kakay disse que "os delatores ao assinarem a delação cumpriram rigorosamente tudo o que lhes era imposto". Destacou que Joesley e Saud "prestaram declarações e se colocaram sempre à disposição da Justiça".

    Considerado um dos principais críticos da delação premiada na advocacia, Kakay afirmou que a prisão "é mais um elemento forte que levará à descrença e à falta de credibilidade do instituto da delação. Sempre ressalto a importância deste instituto, mas é necessário que seja revisto o seu uso".

    No comunicado, o advogado diz que houve uma "proposta de quebra unilateral, sem motivo, por parte do Estado, no caso representado pelo procurador-geral", e que isso gera "insegurança geral para todos os delatores".

    "Meus clientes agiram com lealdade e continuam à disposição do Poder Judiciário ressaltando a confiança no Supremo Tribunal", diz Kakay.

    O criminalista disse que assumiu a defesa do Joesley e de Saud perante o Supremo juntamente com Pierpalo Bottini e outros advogados que já atuavam na causa.

    INVESTIGAÇÃO

    Na última segunda-feira (4), Janot anunciou a abertura de investigação para apurar possíveis irregularidades nas negociações da colaboração firmada com o Ministério Público.

    O centro da crise é uma gravação, datada de 17 de março, em que Joesley e Saud indicam possível atuação do ex-procurador Marcello Miller no acordo de delação quando ainda era procurador –ele deixou o cargo oficialmente em 5 de abril. O áudio foi entregue pelos delatores no dia 31 de agosto.

    Para a equipe de Janot, houve patente descumprimento de dois pontos de uma cláusula do acordo de delação que trata de omissão e má-fé, o que justificaria rever os benefícios.

    Os três, Joesley, Saud e Miller prestaram depoimentos entre quinta (8) e sexta (9). Janot não se convenceu dos argumentos. Para ele, há indícios fortes de que Miller tenha participado sim da elaboração do acordo de colaboração.

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