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    Lava Jato

    Delatores da JBS só foram para cadeia quase 40 horas depois de decreto

    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA

    11/09/2017 02h00

    Passaram-se quase 40 horas entre o momento em que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin decidiu acatar o pedido de prisão de Joesley Batista e Ricardo Saud e a detenção dos delatores, que acabaram se entregando na sede da Polícia Federal, em São Paulo.

    Fachin diz em seu despacho que na noite de sexta-feira (8) o tribunal entregou o documento com o decreto das prisões e o pedido de cumprimento de diligências, estas ainda sigilosas, à polícia.

    Segundo a Folha apurou, no entanto, o decreto de Fachin só foi recebido oficialmente pela PF por volta das 16h de sábado (9).

    De acordo com apuração da reportagem, a Polícia Federal começou a montar a operação logo após receber a decisão de Fachin.

    A PF, no entanto, teria identificado que alguns dos endereços enviados nos pedidos estavam incorretos. Os documentos foram então remetidos à Procuradoria da República, autora dos pedidos, para que novos locais fossem informados. Não houve resposta até a noite deste domingo (10), quando Joesley e Saud já tinham se entregado.

    De acordo com apuração da Folha, o primeiro contato da defesa dos delatores com a PF ocorreu na manhã deste domingo, quando a polícia foi avisada da intenção de ambos de se entregarem.

    A ideia cogitada pelos advogados dos executivos da JBS era que fossem para Brasília em um jatinho particular para se apresentar à PF. Não houve acordo, no entanto, e eles se entregaram em São Paulo.

    *

    A DELAÇÃO DA JBS
    Como foi fechado acordo com a empresa e a reviravolta da última semana

    O ACORDO

    Data do acordo
    3.mai.2017

    Período das irregularidades
    2002 a 2017

    Os delatores
    Joesley Batista, Wesley Batista, Ricardo Saud e mais quatro pessoas

    Os benefícios
    Pelo acordo, ficava assegurado que os delatores, por terem contado o que sabiam, não seriam presos nem processados

    Principais implicados
    > Michel Temer
    > Senador Aécio Neves (PSDB-MG)
    > Deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor de Temer

    Provas entregues
    > Gravação de conversas telefônicas e presenciais
    > Fotos e vídeos de investigados e de entregas de dinheiro (ação controlada)
    > Planilhas com doações para campanhas
    > Registros de ligações telefônicas

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    A REVIRAVOLTA

    Na segunda-feira (4), Rodrigo Janot anunciou que iria rever a delação da JBS por causa de um áudio "gravíssimo", que ainda não tinha sido divulgado. O procurador-geral cita possíveis omissões dos delatores e a "conduta em tese criminosa" do ex-procurador Marcello Miller
    > A gravação mostra Saud e Joesley falando sobre a negociação e dizendo que Miller ajudou a empresa no acordo quando ainda era procurador da República
    > Os delatores e Miller foram ouvidos na última semana. Janot decidiu pedir a retirada dos benefícios e a prisão de Saud, Joesley e Miller

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    OS ARGUMENTOS

    O que disse Janot ao pedir a prisão
    > O áudio revela possíveis crimes não informados na delação e omissões
    > Há indícios de má-fé por parte dos colaboradores
    > Miller foi usado para "manipular fatos e provas, filtrar informações e ajustar depoimentos"

    O que disse Fachin na ordem de prisão
    > A prisão permite que se busque provas sobre a atuação de Miller
    > A análise do áudio revela indícios suficientes de que os colaboradores omitiram informações sobre a ajuda de Miller
    > Sobre Miller, ainda que sejam consistentes os indícios contra ele, não há, por ora, necessidade de prisão temporária

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