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    Lava Jato

    Para enfraquecer possível denúncia, Planalto irá comparar Funaro a Joesley

    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    12/09/2017 14h58

    Fred Dufour/AFP
    O presidente Michel Temer durante reunião com os presidentes do Brics nesta segunda (4)
    Michel Temer durante reunião com os presidentes do Brics

    Na tentativa de enfraquecer nova denúncia contra o presidente Michel Temer, o Palácio do Planalto tentará comparar o corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro ao executivo Joesley Batista, preso no último domingo (10).

    A estratégia esboçada por auxiliares e assessores presidenciais e que será reproduzida pela base aliada é adotar o discurso de que o corretor de valores apresenta acusações duvidosas e mentirosas para obter benefícios junto à PGR (Procuradoria-Geral da República).

    Para associá-lo ao empresário da JBS, a ideia é utilizar termos já usados por governistas para se referir a Joesley, como falastrão e criminoso. Em nota divulgada nesta terça-feira (12), o presidente já começou a adotar o novo tom, criticando "bandidos" e "facínoras".

    O objetivo é tentar, assim, desqualificar as acusações contra o presidente, lembrando que Joesley tentou fazer o mesmo que Funaro e que sua delação premiada acabou sob investigação, com a possibilidade de ser cancelada pelo Ministério Público Federal.

    A expectativa é de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente nesta semana nova denúncia contra Temer, desta vez por obstrução judicial e organização criminosa, e que utilize elementos da delação premiada de Funaro.

    Na frente jurídica, a defesa do presidente avalia ainda processar Funaro pelos crimes de calúnia e difamação assim que for apresentada a nova denúncia, como o feito com Joesley, mas que acabou sendo rejeitado pela Justiça Federal.

    As acusações feitas pelo corretor de valores têm causado preocupação ao Palácio do Planalto, que receia a deflagração de uma nova crise política que inviabilize a pauta econômica do governo, como a votação da reforma previdenciária.

    Segundo a conclusão de relatório da Polícia Federal, o peemedebista tinha poder de decisão no chamado "quadrilhão do PMDB". O documento também aponta indícios de que o presidente tenha recebido vantagens de R$ 31,5 milhões, o que ele nega.

    O inquérito tem ainda como alvos os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) e os ex-deputados Eduardo Cunha (RJ), Geddel Vieira Lima (BA) e Henrique Alves (AL) —os três últimos presos devido a diferentes investigações—, todos do PMDB.

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