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    Lava Jato

    Agência Lupa: Lula, Moro e o segundo depoimento

    DA AGÊNCIA LUPA

    15/09/2017 02h00

    Reprodução
    AUDIÊNCIA LULA
    O ex-presidente Lula durante depoimento ao juiz Sergio Moro

    Ex-presidente e juiz federal usaram informações equivocadas durante audiência judicial de duas horas na última quarta (13).

    *

    Não respondi nada. Não falei nada [sobre o depoimento do Palocci]. - Luiz Inácio Lula da Silva

    FALSO Preso desde setembro de 2016, Antonio Palocci disse à Justiça Federal que Lula recebeu o terreno do instituto que leva seu nome como
    forma de disfarçar propina. Seria parte de um "pacto de sangue" com a Odebrecht para levar R$ 300 milhões ao PT. Lula reagiu à fala de
    Palocci no mesmo dia. O perfil oficial do ex-presidente no Facebook publicou um texto classificando o depoimento como "contraditório" e
    algo que "carece de provas". O mesmo texto foi republicado no dia seguinte no portal do Instituto Lula. Entre o depoimento de Palocci e
    o de Lula, as redes sociais do ex-presidente também compartilharam dois vídeos feitos pela defesa. Neles, são feitas críticas ao
    depoimento do ex-ministro petista. Procurado, o ex-presidente respondeu por nota que, embora a postagem tenha sido feita em seu
    perfil oficial, foi "um pronunciamento da assessoria" e "não foi uma fala dele".

    Esse é um processo que envolve essa acusação específica, não tem nada a ver com Brasília, imprensa. - Sergio Moro

    FALSO A denúncia feita pelo Ministério Público Federal tem 188 páginas. O documento contém referência a pelo menos 10 reportagens publicadas nos últimos anos. Os procuradores citam diversos trabalhos que mencionam a aparente intenção de Lula de construir uma sede para seu instituto em São Paulo ainda durante seu último ano de mandato presidencial. Na denúncia estão elencados, por exemplo, uma coluna da jornalista Monica Bergamo, na Folha de S.Paulo e uma reportagem da "IstoÉ Dinheiro", que relatava a participação do pecuarista José Carlos Bumlai na compra do terreno. Ainda há citações a notícias dos portais UOL e IG. Procurado, o juiz Sergio Moro não retornou.

    Sou motivo de uma outra ação por causa de medida provisória aprovada por unanimidade no Congresso. - Luiz Inácio Lula da Silva

    VERDADEIRO Lula foi denunciado por corrupção passiva na Operação Zelotes. Ele, o ex-ministro Gilberto Carvalho e outras seis pessoas foram acusados pelo MPF de produzir medida provisória que favoreceria, sobretudo, o setor automotivo do Nordeste e Centro-Oeste. A acusação diz que lobistas teriam oferecido R$ 6 milhões em propinas para o ex-presidente e intermediários. A MP foi aprovada por unanimidade no Senado, em 25 de março de 2010, e na Câmara, em 16 de dezembro de 2009.

    Nunca nenhum empresário deste país discutiu finanças comigo. - Luiz Inácio Lula da Silva

    CONTRADITÓRIO Em 2010, pouco antes de deixar a Presidência, Lula fez um balanço público sobre a participação de empresários em seu governo. Disse que eles nunca tinham ganhado tanto dinheiro e destacou: "Quando teve a crise econômica, não foi apenas a sabedoria do ministro Guido Mantega, a sabedoria do Meirelles, a sabedoria do presidente Lula, não. Nós tínhamos um comitê de crise, e os empresários participaram conosco para decidir as coisas que a gente ia fazer". Durante sua gestão, Lula participou de diversos eventos com empresários. Procurado, o ex-presidente afirmou, em nota, que "é completamente diferente discussões públicas sobre políticas públicas da resposta do presidente (no depoimento), que se refere às finanças das empresas em si".

    Eu não fiz denúncia nenhuma [contra Lula]. - Sergio Moro

    VERDADEIRO As denúncias apresentadas contra o ex-presidente Lula partiram do MPF –não do juiz federal. Segundo as leis brasileiras, a polícia é responsável por abrir um inquérito e investigar a existência de crimes. O MP também promove investigações próprias ou em parceria com a PF e é o responsável por oferecer as denúncias ao Judiciário. Quando o juiz aceita a denúncia, o investigado vira réu e passa a se defender no tribunal. No fim do processo, é o juiz quem decide a condenação e emite uma sentença.

    Tirei o Palocci do meu governo em março de 2006 porque saiu na imprensa que ele frequentava uma casa, e ele não soube explicar. - Luiz Inácio Lula da Silva

    VERDADEIRO Segundo o Ministério da Fazenda, Palocci pediu para se afastar do governo Lula no dia 27 de março de 2006. Na época, havia a CPI dos Bingos, e o então ministro era acusado de se encontrar com lobistas em uma mansão em Brasília. A testemunha da CPI era o caseiro do local, Francenildo Costa. No dia seguinte a ele falar à CPI, seu sigilo bancário foi quebrado. O MPF apontou o envolvimento de Palocci nessa divulgação ilegal. Depois, o Supremo arquivou o processo contra o petista.

    Depois de sair do meu governo o Palocci foi deputado e ficou até 2010. - Luiz Inácio Lula da Silva

    VERDADEIRO, MAS Palocci foi eleito deputado depois de deixar o cargo de ministro do governo Lula. Ele tomou posse em 1 de fevereiro de 2007. Mas o petista já havia sido deputado federal antes. Sua primeira posse começou em 1 de fevereiro de 1999. Em 2000, ele renunciou para assumir a Prefeitura de Ribeirão Preto (SP).

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