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    Marcha Cristã fará desagravo a general pró-intervenção militar

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE SÃO PAULO

    21/09/2017 18h16

    Reprodução/Facebook
    Conacc - Comando Nacional de Caça aos Corruptos Foto:Reproducao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Perfil de Rui Cosmedson, idealizador da Marcha Cristã 2017 e do Comando Nacional de Caça aos Corruptos

    Ao declarar que uma intervenção militar seria bem-vinda no Brasil, caso o Judiciário "não solucionasse o problema político", o general do Exército Antônio Hamilton Mourão ganhou a simpatia do produtor de eventos Rui Cosmedson, 57.

    Idealizador do Conacc (Comando Nacional de Caça aos Corruptos), o baiano de Vitória da Conquista organiza a Marcha da Família Cristã contra a Corrupção, marcada para sair da praça da República até a da Sé, no centro paulistano, no próximo sábado (30).

    Cosmedson, que se define como um "espiritualista", fez a convocação para o ato "em repúdio às agressões ao cristianismo" e "contra a corrupção e a impunidade" nas redes sociais. À Folha diz que o dia também servirá de desagravo ao militar a quem atribui "um compromisso com a verdadeira democracia" –regime que promove "o maior bem para o maior número de pessoas", em sua opinião.

    Segundo o organizador, a caminhada prevista para sábado se alinha à reedição, em 2014, da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, versão contemporânea da marcha anticomunista que antecedeu o golpe militar de 1964.

    O ato de três anos atrás reuniu dezenas de pessoas na avenida Paulista. Para o novo evento, não espera nenhuma multidão. "Estamos mais preocupados com a qualidade [do que com a quantidade]" do público, diz.

    Na internet, Cosmedson também usa Marcha Patriótica para descrever o dia 30. Aparece de quepe e blusa que simula o uniforme do Exército em fotos no Facebook. "Gosto de um camuflado mesmo, minha alma é guerreira."

    Como o general Mourão, ele defende punho firme contra a "convulsão de forças antipatrióticas". "Muito perseguido", Mourão "defendeu princípios universais", diz e acrescenta: "Não defendemos nenhum tipo de ditadura".

    E 1964, para ele, não se enquadra nessa categoria. "Acredito que foi mais revolução do que ditadura", com, no máximo, "exageros e abusos por parte de indivíduos."

    Para 2017, a ideia é ocupar o centro de São Paulo com roupas brancas "em claro sinal de paz", afirma. Seu grupo estará desde segunda-feira (25) na praça da República, panfletando.

    O autointitulado "caçador de corruptos" diz que o ideal seria "cassar, com dois 's'", quem corrompe a nação. "Mas, quando [os malfeitos] atingem índices tão alarmantes, é necessária uma reação do cidadão de bem. A sociedade precisa se defender por todos os meios possíveis. Quem vai ditar o ritmo da luta é o inimigo."

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