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    Lava Jato

    Em sessão secreta de CPI, ex-advogado da J&F ataca Janot

    TALITA FERNANDES
    DE BRASÍLIA

    04/10/2017 14h19

    Arquivo Pessoal
    O advogado Willer Tomaz, que trabalhava para a JBS Foto: Arquivo pessoal ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O advogado Willer Tomaz, que representava a J&F

    O advogado Willer Tomaz, que representava a J&F (controladora do grupo JBS), fez acusações ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot durante depoimento à CPMI da JBS nesta quarta-feira (4). De acordo com o relator da comissão, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), o teor do depoimento de Tomaz é "extremamente grave" ao lançar suspeitas sobre a conduta de Janot no acordo de delação da JBS.

    Segundo parlamentares presentes à sessão, que falaram sob condição de anonimato à Folha, o advogado acusou Janot de "forçar a barra" para deixar o caso em que ele é investigado com o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal).

    Ele nega ter proximidade com os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), apontados como justificativa pelo ex-procurador-geral para que as investigações envolvendo Tomaz ficassem a cargo do STF.

    O advogado teria dito ainda que o objetivo de Janot "sempre foi o de chegar no presidente Michel Temer". Para sustentar a acusação, ele falou que a JBS firmou um acordo prévio com o Ministério Público Federal em setembro de 2016 e que, de lá para cá, a PGR formulou o roteiro da delação dos executivos do frigorífico.

    O acordo tratava de desvios cometidos pela JBS em fundos de pensão como Petros e Funcef. Por esse motivo, a JBS teria de devolver aos cofres públicos R$ 1,5 bilhão.

    Tomaz foi detido na Operação Patmos, deflagrada com base na delação de executivos da JBS, em maio. Ele é acusado de pagar propina ao procurador Ângelo Goulart Villela para repassar informação privilegiada a Joesley Batista.

    Ele teria utilizado sua fala para dizer que é vítima de uma "armação". Ele ainda fez ataques aos delatores da JBS, dizendo que Joesley e Francisco de Assis, ex-diretor jurídico do grupo, se contradisseram em suas acusações.

    SESSÃO SECRETA

    A sessão desta quarta foi realizada de forma secreta: a imprensa não teve acesso ao depoimento e foram interrompidas as transmissões por internet, rádio e TV Senado.

    Parlamentares decidiram fazer uma audiência a portas fechadas para que Tomaz concordasse em falar.

    De acordo com Marun, o advogado se emocionou por diversas vezes. "Ele começa falando que ficou 76 dias preso sem ser ouvido", disse, acrescentando que considera uma "ilegalidade" a detenção de Tomaz. "É um homem indignado"

    Marun é um dos principais porta-vozes da tropa de choque do presidente Michel Temer na Câmara. A escolha dele para a relatoria da CPI foi vista como um marco de que o governo quer usar a comissão para intimidar procuradores e os delatores da JBS.

    Temer é alvo de duas denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal ao STF. As acusações por corrupção, obstrução da Justiça e organização criminosa têm como base as acusações apresentadas por Joesley.

    Marun aproveitou a sessão para atacar Janot. "Ações controladas poderiam ter comprovado pagamento ao procurador Ângelo e isso não foi feito", disse.

    "É muito grave no meu modo de ver. Isso sinaliza algo que eu sempre entendi: a existência de um complô que envolveu uma série de pessoas, empresas e até membros e instituições e que visava derrubar o presidente Temer", disse.

    NOVA RELATORIA

    Ainda nesta quarta, o presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), disse que vai criar uma nova sub-relatoria na comissão.

    O deputado Wadih Damous (PT-RJ) deve ser designado para tratar de vazamentos de informações envolvendo delação premiada e de propostas legislativas.

    Wadih é advogado e já presidiu a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio de Janeiro. Segundo Ataídes, a ideia da sub-relatoria é o surgimento de projetos de lei, como por exemplo com modificações na lei que prevê delação premiada.

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