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    Prefeito de SP sofre duros reveses, mas é muito cedo para descartá-lo

    IGOR GIELOW
    DE SÃO PAULO

    09/10/2017 02h00

    João Doria teve o pior fim de semana político desde que assumiu o papel de candidato a novidade no pleito presidencial de 2018.

    Levou uma dura nos números do Datafolha sobre sua gestão e envolveu-se numa briga feia com o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB.

    Isso não significa, como seus adversários comemoraram, o ensacamento de sua viola. A pesquisa mostrando um tombo em sua aprovação e a ampliação da rejeição às suas pretensões presidenciais é um banho de água fria, mas não é inesperada.

    Doria fez uma opção: colocar seu nome no balaio presidencial antes da hora. Isso encerra ônus e bônus. Até aqui, ele só colheu a parte negativa, com o empacamento na corrida ao Planalto e o previsível mau humor popular.

    Outro tucano, José Serra que o diga. Foi achincalhado por usar a prefeitura paulistana como trampolim, mas o fato é que governar o Estado é tarefa mais confortável do que lidar com a perene massa falida da capital. Era verdade em 2006, segue agora.

    Claro, Serra almejava o Planalto e teve de se contentar com o Bandeirantes. Mas o período à frente do líder da Federação lhe garantiu vaga na corrida presidencial de 2010, não menos porque o postulante tucano de 2006, Geraldo Alckmin, fracassou.

    Enquanto colhia más notícias, o prefeito também envolveu-se em uma altercação com a burocracia tucana.

    Certo, Alberto Goldman não é exatamente uma figura de proa nas discussões do PSDB, mas encarna certa aristocracia paulista do tucanato que nunca engoliu Doria –e Alckmin, é bom ressaltar.

    Por que então o alvoroço tucano pela troca de animosidades entre os dois? Porque todos viram um ensaio de discurso para a eventual saída de Doria do partido.

    Se é verdade que criador e criatura tendem a estar juntos em 2018, nunca é descartável a ruptura. E ser maltratado no partido é um atalho confortável para Doria.

    Políticos do DEM e do PMDB ponderaram em favor do prefeito, vendo um estilo "bateu, levou" à la Collor-89, mas que conversa com o campo mais radicalizado do eleitorado à direita.

    A ameaça da saída pode só servir para assustar o PSDB, que não tem clareza do cenário do ano que vem (com ou sem Lula, com a economia melhor ou estagnada etc.), mas é um dado a ser anotado.

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