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    Lava Jato

    Advogado de Temer diz que divulgação de vídeos de Funaro é 'criminoso vazamento'

    DE BRASÍLIA

    14/10/2017 13h02 - Atualizado às 13h16

    O advogado do presidente Michel Temer Eduardo Carnelós criticou neste sábado (14) a divulgação, pela Folha, dos vídeos do depoimento de Lúcio Funaro, apontado como operador dos esquemas de corrupção dentro do PMDB.

    Em nota, Carnelós classificou a divulgação como "criminoso vazamento", com o intuito de "causar estardalhaço" às vésperas da votação da segunda denúncia contra o presidente na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

    A Folha obteve os vídeos por meio de fontes oficiais e não por vazamentos.

    "O vazamento de vídeos com depoimento prestado há quase dois meses pelo delator Lúcio Funaro constitui mais um abjeto golpe ao Estado democrático de direito", afirma o advogado, que prossegue: "É evidente que o criminoso vazamento foi produzido por quem pretende insistir na criação de grave crise política no país, por meio da instauração de ação penal para a qual não há justa causa."

    A votação da denúncia contra Temer está marcada para esta quarta (18) e quinta-feira (19) na Câmara dos Deputados. Relatório do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG) é favorável a Temer, ou seja, a favor de que a denúncia seja barrada enquanto o presidente estiver no poder.

    Na votação da primeira denúncia do Ministério Público, Temer obteve resultado favorável na CCJ –41 a 24–, placar que esperava repetir nesta semana.

    O que diz Funaro
    Trechos do depoimento à PGR

    Com os vídeos revelados pela Folha, porém, deputados da oposição afirmam esperar que haja mudança de posição de parlamentares até então alinhados com o governo.

    A nota do advogado de Temer afirma que as acusações de Funaro são "vazias". Em seu depoimento, o operador afirmou ter "certeza" de que parte da propina dos esquemas do ex-deputado Eduardo Cunha era repassada ao presidente Michel Temer.

    Carnelós critica a imprensa e autoridades que, a seu ver, deveriam "respeitar o ordenamento jurídico".

    "Autoridades que têm o dever de respeitar o ordenamento jurídico não deveriam permitir ou promover o vazamento de material protegido por sigilo. É igualmente inaceitável que a imprensa dê publicidade espetaculosa à palavra de notório criminoso, que venceu a indecente licitação realizada pelo ex-PGR [referindo-se a Rodrigo Janot] para ser delator, apenas pela manifesta disposição de atacar o presidente da República."

    CUNHA

    Em nota, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que está preso, também rebateu a delação de Funaro, de quem era aliado.

    "Repudio com veemência o conteúdo e se trata de mais uma delação sem provas que visa a corroborar outras delações também sem provas, onde o delator relata fatos que inclusive não participou", afirma Cunha. "As atividades criminosas confessadas pelo sr. Lucio Funaro foram feitas por sua conta e risco."

    Cunha também afirma ser uma "absoluta mentira" as referências de Funaro a outros políticos, como Temer. "Desminto e desafio a provar as supostas referências sobre terceiros a mim atribuídas, incluindo ao presidente Michel Temer, onde tudo que ele atribui declara que ouviu dizer de mim, o que é uma absoluta mentira."

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