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    Lava Jato

    Chaves de 'bunker' foram entregues a irmão de Geddel, diz dono de imóvel

    CAMILA MATTOSO
    FÁBIO FABRINI
    DE BRASÍLIA

    16/10/2017 12h23

    O dono do imóvel que abrigava a fortuna de R$ 51 milhões atribuída ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PDMB), Silvio da Silveira, afirmou à Polícia Federal que entregou as chaves do apartamento nas mãos do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) no começo de 2016.

    A administradora do prédio, Patrícia Queiroz dos Santos, em depoimento à PF, confirmou as informações de Silveira.

    Segundo documentos a que a Folha teve acesso, ela disse também que já presenciou uma ligação do empresário, do ramo da construção, para "os irmãos" pedindo ajuda para a pavimentação de vias na Bahia.

    Silveira disse à polícia que tem relação de amizade com Lúcio há dez anos.

    Os depoimentos de ambos foram alguns dos elementos da investigação que embasaram as buscas no gabinete e no imóvel do parlamentar Lúcio Vieira Lima nesta segunda-feira (16).

    DEPOIMENTOS

    O dono do imóvel onde estava o bunker de Geddel contou à PF que inicialmente emprestou a Lúcio o apartamento número 202. A unidade, porém, foi vendida em seguida e, então, disponibilizou o número 201 para o amigo.

    O pedido foi feito após a morte do pai dos irmãos, Afrísio Vieira Lima, em janeiro de 2016.

    "Que considerando a amizade o declarante concordou prontamente [com o pedido de Lúcio], chegando na unidade 202 juntamento com Lúcio para lhe mostrar o apartamento e lhe entregar a chave. Que na ocasião Lúcio recebeu a chave, mas não trazia consigo nenhum pertence. Que ainda em 2016 a unidade 202 foi vendida e então o declarante ofereceu o apartamento vizinho de frente, ou seja, o 201, o que foi de fato recebido por Lúcio", consta no termo de depoimento de Silveira.

    Segundo o empresário, poucas unidades foram vendidas no local. De acordo com apuração da reportagem, há atualmente apenas cinco moradores no edifício.

    À PF, a administradora do prédio em que foi encontrado o "tesouro" de Geddel disse que o ex-ministro e o irmão não pagavam aluguel pelo uso do local. Porém, relatou já ter visto Silveira pedir favores à dupla.

    "Já viu foi Sílvio ligando para os irmãos, por exemplo, para pedir que vias sejam pavimentadas em acessos de empreendimentos que as empresas do grupo do qual Sílvio faz parte fizeram a construção", declarou, segundo transcrição da PF.

    Patrícia disse que os irmãos têm alguma relação com Silveira, não sabendo afirmar se apenas profissional ou de amizade. Ela confirmou que o apartamento foi cedido pelo empresário a "Lúcio e Geddel", para guardar supostamente pertences do pai, que falecera no início de 2016.

    A administradora também corroborou com a versão de que os irmãos deixaram "algumas malas e caixas" inicialmente na unidade 202.

    "Não pode precisar se foram os próprios Lúcio ou Geddel quem se responsabilizaram (sic) por levar as malas e caixas, já que não estava no local naquela oportunidade", acrescentou.

    OUTRO LADO

    O advogado de Lúcio Vieira Lima, Gamil Föppel, classificou a operação de "absolutamente desnecessária". Em nota, ele informou que só vai se manifestar sobre o conteúdo da investigação quando lhe for garantido "acesso integral aos autos", o que, em seu entendimento, vem sendo "inexplicavelmente negado".

    "Ressalta-se que, em sucessivas petições, o deputado federal Lúcio Vieira Lima colocou-se à plena disposição do Supremo e da PGR para prestar esclarecimentos e entregar documentos, a evidenciar a desnecessidade da drástica medida realizada na presente data", afirmou.

    Mateus Bonomi/Folhapress
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