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    Lava Jato

    Após embates, Temer chama Maia ao Planalto às vésperas de votação da denúncia

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    18/10/2017 16h55

    Gabriel Cabral - 28.ago.2017/Folhapress
    Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), em evento em São Paulo
    Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), em evento em São Paulo

    Em mais um desdobramento da disputa que se instalou entre a Câmara e o Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer chamou nesta quarta-feira (18) o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para uma reunião em seu gabinete. O encontro, marcado para o meio da tarde, não constava da agenda oficial de nenhum dos dois.

    A reunião acontece às vésperas de a segunda denúncia contra Temer –desta vez por obstrução de Justiça e formação de organização criminosa– ser votada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara e horas depois de o presidente almoçar com Paulo Rabello de Castro, que comanda o BNDES.

    Há setores do governo que estão insatisfeitos com o executivo do banco e começaram a aventar a possibilidade de troca em aceno a Maia, que queria indicar um aliado ao posto. O presidente da Câmara, por sua vez, diz que apoia Rabello e que não vai arcar com o desgaste de sua demissão.

    A aliados, Maia diz que o núcleo político do governo quer a troca de Rabello porque, assim como ele e o ministro Henrique Meirelles (Fazenda), nunca engoliram bem a nomeação do presidente do BNDES, uma escolha pessoal de Temer.

    A ordem no Planalto é arrefecer o mal-estar que existe entre os Poderes, visto que a liderança de Maia é considerada fundamental para que Temer se livre da segunda denúncia contra ele e consiga tocar na Câmara medidas tidas pelo governo como vitais para o ajuste fiscal.

    Há alguns dias, auxiliares de Temer têm tentado diminuir a tensão que se instaurou entre Maia e o Planalto desde que o governo manobrou para não votar a medida provisória que, entre outras questões, autorizava o Banco Central a firmar leniência de instituições financeiras. O presidente da Câmara se irritou com o episódio e chegou a dizer que não aceitaria mais nenhuma MP do governo.

    TRAMITAÇÃO

    Os líderes da base queriam abrir caminho para a tramitação mais rápida da segunda denúncia contra Temer na CCJ e, para isso, orientaram os deputados a não comparecerem em plenário para a votação da MP.

    O ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) foi o emissário de Temer para tentar acalmar o cenário. Em reunião com Maia, decidiram que a Câmara vai apresentar um projeto de lei sobre o tema.

    Dias depois, novo embate. Maia chamou o advogado de Temer de "irresponsável" e "incompetente" ao rebater o posicionamento da defesa do presidente sobre a divulgação dos vídeos do operador Lúcio Funaro, que implicavam diretamente o peemedebista, no site oficial da Câmara.

    Imbassahy foi novamente à casa de Maia tentar que a situação se acalmasse de vez com o Planalto. O presidente da Câmara, porém, disse que queria um pedido de desculpas do advogado de Temer e não ficou satisfeito com a retratação, segundo aliados.

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