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    Lava Jato

    PF prende ex-gerente da Petrobras na Lava Jato por destruição de provas

    RENAN MARRA
    DE SÃO PAULO
    ANA LUIZA ALBUQUERQUE
    DE CURITIBA

    20/10/2017 07h18 - Atualizado às 13h17

    Senado - 3.jun.2014/Folhapress
    O ex-executivo da Petrobras Luis Carlos Moreira da Silva

    O ex-gerente-executivo internacional da Petrobras Luis Carlos Moreira da Silva foi preso preventivamente na 46ª fase da Operação Lava Jato nesta sexta-feira (20) sob suspeita de destruir provas.

    Despacho do juiz Sergio Moro, que autorizou a prisão, afirma que Moreira "apagou seletivamente" mensagens em sua caixa postal. O fato foi descoberto porque o destinatário –também investigado na Lava Jato– não deletou os e-mails.

    Moreira é acusado de ser um dos "arquitetos e beneficiários" de acertos de corrupção em contratos de fornecimento de navios-sonda da Petrobras. Ele foi condenado a 12 anos de prisão.

    O Ministério Público Federal informou que o ex-gerente foi preso também para que parasse de movimentar recursos ocultados no exterior, o que impossibilitaria a sua recuperação.

    Segundo o MPF, Moreira teria recebido mais de US$ 5 milhões em conta mantida no exterior.

    LAVA JATO

    Moreira já havia sido alvo da Lava Jato em 2015, quando a polícia realizou buscas e apreensões em residências ligadas ao ex-gerente. Ele também é investigado por desvios na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

    Além da prisão de Moreira, a PF cumpriu em outra operação simultânea dez ordens judiciais relacionadas a uma investigação sobre pagamento de vantagens indevidas a executivos da Petrobras pelo Setor de Operações Estruturadas do grupo Odebrecht, o departamento de propina da empresa.

    O montante do valor desviado chega a R$ 95 milhões, segundo a PF.

    Os investigados responderão pela prática dos crimes de associação criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.

    Em nota, a PF afirma que "há indícios concretos de que um grupo de gerentes da Petrobras se uniu para beneficiar o grupo Odebrecht em contratações com a petroleira, mediante o pagamento de valores de forma dissimulada em contas de empresas offshores estabelecidas no exterior".

    A OPERAÇÃO

    A operação buscou cumprir quatro mandados de busca e apreensão, um mandado de condução coercitiva e um mandado de prisão temporária nas cidades de Recife e do Rio de Janeiro, além de três intimações.

    A prisão temporária e a condução coercitiva não foram efetivadas. No primeiro caso, descobriu-se que o ex-executivo da estatal Djalma Rodrigues de Souza, alvo do mandado, passou recentemente por uma cirurgia que exige repouso absoluto. O juiz Sergio Moro, então, decidiu não levá-lo a Curitiba. A ele foram aplicadas medidas cautelares, como a entrega do passaporte e a orientação de evitar contato com outros investigados.

    Em sua casa, em Recife, foi cumprido um mandado de busca e apreensão, mas nada foi apreendido no local.

    Souza já havia sido denunciado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

    Na denúncia, Janot afirmou que o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) foi apresentado ao dono da UTC, Ricardo Pessoa, por Djalma Rodrigues de Souza como um deputado que poderia ajudar a UTC a ganhar contratos no âmbito da chamada Petrocoque, controlada pela Petrobras.

    A PF não conseguiu localizar Isabel Izquierdo Botelho, que seria alvo da condução coercitiva. Segundo o Ministério Público Federal, Isabel seria representante do Banco Societé Generale no Brasil e teria auxiliado a abertura da conta em nome de uma offshore utilizada por um dos gerentes da Petrobras.

    A próxima etapa é a análise dos materiais apreendidos e o posterior desenvolvimento da investigação. O Ministério Público ainda deve oferecer denúncia.

    Inicialmente, a PF não havia informado que a operação se tratava de uma nova fase da Lava Jato, mas, depois, o MPF informou que se tratava, sim, da operação.

    APELO

    Em entrevista coletiva à imprensa na manhã desta sexta-feira (20), o chefe da Delecor (Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros), Felipe Hayashi, fez um apelo à procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ele pede que seja revisto o posicionamento institucional da PGR, que exclui os delegados da Polícia Federal dos acordos de delação premiada.

    "Entendemos que a exclusão da Polícia Federal dos acordos de colaboração premiada só vem a favorecer o crime organizado", afirmou.

    O STF (Supremo Tribunal Federal) deve votar neste semestre a possibilidade de a Polícia Federal celebrar os acordos.

    *

    Discriminação dos mandados:

    RIO DE JANEIRO/RJ

    3 mandados de busca e apreensão

    1 mandado de condução coercitiva

    1 mandado de prisão temporária

    3 intimações de medidas alternativas

    1 mandado de prisão preventiva (ação penal)

    RECIFE/PE

    1 mandado de busca e apreensão

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