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    Lava Jato

    Planalto quer manter ministros do PSDB mesmo com traições

    BRUNO BOGHOSSIAN
    DE BRASÍLIA

    25/10/2017 02h00

    O presidente Michel Temer pretende manter em seu governo os ministros do PSDB, mesmo que a maioria dos deputados do partido vote pelo prosseguimento da segunda denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra ele.

    O objetivo é evitar o fortalecimento da ala tucana que prega o rompimento com o governo e reforçar o apoio dos grupos da sigla que ainda apoiam sua gestão.

    O Palácio do Planalto chega ao dia da votação da denúncia, nesta quarta-feira (25), com projeções que revelam o risco de que o presidente tenha um placar desfavorável dentro da bancada tucana.

    Esse resultado seria uma derrota simbólica para Temer, o que aprofundaria o desgaste entre a sigla e o governo. Apesar disso, o presidente quer trabalhar para manter o PSDB dentro do governo —com os quatro ministérios que atualmente ocupa.

    Segundo aliados de Temer, o presidente não fará movimentos para provocar um rompimento com o partido, por acreditar que um desembarque do PSDB fragilizaria a imagem de seu governo e daria força à ala tucana que tenta se distanciar do Palácio do Planalto.

    Na avaliação do peemedebista e seus auxiliares, a demissão de ministros do PSDB perturbaria o equilíbrio instável que o partido vive: permanece em sua base de apoio, apesar de metade de seus integrantes se posicionam contra o governo.

    Temer manteve o PSDB na Esplanada dos Ministérios mesmo depois que a sigla rachou na votação da primeira denúncia da PGR, em agosto. Na ocasião, 22 tucanos votaram a favor do presidente e 21 se posicionaram pelo prosseguimento do processo.

    O Planalto acredita que, se provocar o rompimento com o PSDB agora, dará uma vitória significativa ao grupo do presidente interino da sigla, Tasso Jereissati, e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

    Temer, entretanto, quer reforçar os laços com a ala governista do PSDB para tentar reter o apoio desse grupo até o fim de seu mandato.

    Um dos objetivos é cultivar a fidelidade dos cerca de 20 deputados que ainda estão com o Planalto.

    O presidente quer manter uma relação estreita com os grupos liderados pelos senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), e pelos ministros Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Bruno Araújo (Cidades) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).

    O grupo de Alckmin se tornou uma incógnita para o Planalto. Na primeira denúncia, 11 dos 12 deputados do PSDB de São Paulo votaram pelo prosseguimento da denúncia e enfureceram Temer. Ao longo das últimas semanas, aliados do governador paulista chegaram a ensaiar uma reaproximação com o presidente.

    Nesta terça (24), Alckmin afirmou que não vai "interferir" na votação da segunda denúncia e disse acreditar que Temer não será afastado.

    "Espero que o presidente continue, porque nós já estamos a menos de um ano do processo eleitoral. Precisamos ter cuidado para não fragilizar a economia, que dá os primeiros passos de recuperação", declarou.

    O CAMINHO DA DENÚNCIAOs próximos passos da 2ª acusação contra Temer
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