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    Lava Jato

    Manifestantes acompanham votação entre aplausos e vaias na Paulista

    JOELMIR TAVARES
    DE SÃO PAULO

    25/10/2017 20h37 - Atualizado às 22h20

    Lembrou até Copa do Mundo em alguns momentos. Entre aplausos e vaias, manifestantes contrários a Michel Temer acompanharam em duas TVs na calçada da avenida Paulista a votação sobre a segunda denúncia contra o presidente na Câmara dos Deputados.

    Convocado pela Frente Povo sem Medo, movimento que tem entre os integrantes o MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto), o ato nesta quarta-feira (25) chegou a reunir 4.000 pessoas no momento do início dos votos dos deputados, segundo a organização. A PM não fez estimativa de público. O encerramento foi logo depois que o resultado indicou vitória de Temer.

    O grupo se concentrou no meio da tarde em frente ao prédio onde fica o escritório da Presidência da República na capital paulista. O trânsito ficou fechado em uma das faixas no sentido Paraíso, na altura entre as ruas Haddock Lobo e Augusta.

    Falas como as dos deputados Marco Feliciano (PSC-SP) e Wladimir Costa (SD-PA), favoráveis a Temer, foram recebidas com desaprovação por algumas das pessoas que assistiam à transmissão de perto, na barraca montada diante do edifício.

    No restante da via, manifestantes com bandeiras gritavam expressões contra o presidente e entoavam coros acompanhados por instrumentos de percussão. Além do MTST, outras organizações de moradia, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e partidos como PT, PSOL e PCdoB apoiaram o protesto.

    "Estamos aqui para denunciar o acordão para salvar Temer", disse Guilherme Boulos, principal liderança do MTST. Ele afirmou que, embora o resultado da votação fosse previsível, queriam "marcar posição" e expressar insatisfação com o governo federal.

    Cerca de 20 policiais bloqueavam a entrada do edifício onde fica a representação da Presidência. O clima foi de tranquilidade. Por volta das 20h, segundo Boulos, 2.500 pessoas ainda participavam do ato.

    A motorista Bárbara Maria Cardoso dos Santos, 51, levou para a Paulista uma caixa de papelão com notas falsas identificada com o nome "dinheiro do povo". Era uma referência, segundo a integrante do MTST, às malas encontradas no apartamento em Salvador ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).

    "Fiz caixa porque é mais fácil de carregar", disse. Uma caixa maior, do tamanho de uma mala e recheada também de cédulas de mentira, foi colocada pela organização perto das TVs que exibiam a sessão em Brasília.

    Diante do discurso do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) defendendo que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue o pedido de anulação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, três mulheres coladas na grade bateram palmas.

    Às 20h30, quando a votação indicava não ser mais possível dar seguimento à denúncia, Boulos discursou e as TVs foram desligadas, mesmo antes do resultado final.

    Além de pedir que os deputados que votaram a favor do presidente não sejam reeleitos em 2018, o líder do MTST disse que "a luta não acabou".

    Boulos afirmou que, se o governo decidir votar a reforma da previdência, os movimentos devem estar dispostos a organizar nova greve geral, como a de 28 de abril deste ano. "Nossa reação terá que ser forte."

    Os manifestantes andaram pela Paulista até a altura do Masp. Os ônibus que os levaram à avenida estavam parados na região. Muitos dos participantes do ato moram em ocupações distantes. Parte vive hoje no acampamento em São Bernardo do Campo (SP) ocupado por 7.500 famílias há cerca de um mês.

    A avenida foi liberada para o trânsito por volta das 21h.

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