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    Doria sinaliza que não bancaria eventual candidatura ao governo

    THAIS BILENKY
    DE SÃO PAULO

    26/10/2017 12h04

    Emissários do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), sinalizaram à equipe do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que ele estaria disposto a concorrer ao governo paulista como plano B ao projeto presidencial. Demonstraram, contudo, resistência ao autofinanciamento, como feito na eleição de 2016, segundo relatos de alckmistas.

    Após algum tempo sem se encontrarem reservadamente, os dois jantaram juntos na terça-feira (24) na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes.

    A discussão sobre a disputa estadual esquentou depois de o Datafolha mostrar que Doria não decolou no projeto presidencial.

    Aliados de Alckmin dizem que o prefeito faria um bom palanque caso o governador saia candidato a presidente. Não veem, porém, possibilidade de ele empenhar seu capital político para viabilizar a candidatura de Doria como fez em 2016.

    Por sua vez, apesar de mais propenso a discutir o governo paulista, o prefeito não descarta o Planalto. Segundo auxiliares, ele vê episódios recentes de desgaste como o bate-boca com o ex-governador Alberto Goldman (PSDB) como passíveis de superação e só disputará o Bandeirantes se não conseguir se lançar à Presidência.

    Na eleição municipal, Doria ficou desconfortável ao constatar que o PSDB não arcaria com gastos como ele esperava. Em 2016, o tucano pagou 36% (R$ 4,4 milhões) do total de R$ 12,5 milhões da campanha. O partido arcou com 20% (R$ 2,5 milhões).

    Com doações de empresas ainda vetadas pela legislação eleitoral, o financiamento de pessoas físicas e do próprio candidato continuarão sendo relevantes em 2018.

    De toda forma, para que Doria saia candidato a governador, será necessário encaixar algumas peças no xadrez eleitoral.

    Eventual candidatura do senador José Serra (PSDB-SP) ao governo paulista ganha corpo.

    Além da preferência de seu nome pelo PSD, cujo presidente, Gilberto Kassab, manifestou o desejo de concorrer como vice-governador, outros aliados de Alckmin como o PTB teriam resistência a apoiar Doria. O presidente estadual da sigla, Campos Machado, é dos mais ferrenhos críticos do prefeito tucano.

    Também entra na equação o vice de Alckmin, Márcio França (PSB), que pretende disputar a reeleição se assumir o governo paulista com eventual desincompatibilização do tucano.

    Nesse cenário, já chegou aos ouvidos tucanos uma composição em que França seria o candidato a governador apoiado pelo PSDB, que lançaria Alckmin candidato a presidente e Doria como seu vice.

    Defensores da ideia advogam que a chapa começaria a campanha com pelo menos 16% de intenção de votos e levaria grandes partidos para a coligação. Com o maior tempo de TV, teria chances de ganhar no primeiro turno, argumentam.

    Céticos do lado de Alckmin e de Doria ponderam que a chapa não seria complementar e teria dificuldades no Nordeste.

    GENRO DE ABÍLIO

    Por fora corre o cientista político Luiz Felipe d'Avila, genro do empresário Abilio Diniz, que vem se aproximado de aliados de Alckmin como os prefeitos de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), e de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB).

    Neófito, é desconhecido, mas não tem a rejeição dos políticos tradicionais. Com bom trânsito entre caciques tucanos, o pré-candidato publicou depoimento em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) elogia seu currículo e divulgará outro em que Alckmin lembrará de quando abonou a primeira ficha de filiação de d'Avila ao PSDB, em 1993.

    Sua ideia é se desvincular de rixas partidárias e desfazer a imagem de que é um "novo Doria".

    Os secretários David Uip e Floriano Pesaro também manifestaram intenção em concorrer.

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