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    Para se manter viável em 2018, Meirelles admite disputar como vice

    THAIS BILENKY
    DE SÃO PAULO

    31/10/2017 02h00

    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), disse, em palestra a empresários, nesta segunda-feira (30), que não é pré-candidato a presidente da República, mas que "esse negócio de vice é até interessante".

    Questionado por jornalistas após o evento, em São Paulo, disse que a frase foi uma "mera brincadeira". "Não acredito que seja algo de grande interesse de minha parte", desdisse.

    Aliados do ministro, no entanto, avaliaram que a resposta foi pensada e demonstrou uma jogada política: ao mesmo tempo que negou ser candidato, Meirelles deixou seu nome vivo no tabuleiro eleitoral de 2018.

    Na avaliação de seu grupo político, não há espaço para mais de um candidato de centro-direita disputar a Presidência em 2018, e o nome hoje mais forte para representar esse campo é o do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

    Com a ressalva de não serem perfis exatamente complementares, aliados de ambos disseram que eventual composição não seria desprezível. De um lado, Alckmin é o nome hoje mais bem posicionado e Meirelles, de outro, tem aceitação no mercado e seu partido, relevante tempo de televisão.

    O grupo do ministro não considera hoje a eventual candidatura do apresentador Luciano Huck viável.

    O presidente nacional do PSD, ministro Gilberto Kassab (Comunicações), não quis comentar eventuais articulações, mas elogiou Meirelles. "Ele é capacitado e está à altura de qualquer desafio que a vida pública possa lhe impor", afirmou.

    Aliado a Alckmin, o deputado Silvio Torres (PSDB-SP) foi cauteloso. Disse que, uma vez oficializada a pré-candidatura do governador, a formação de alianças será "fundamental", assim como a apresentação de uma "proposta clara na economia".

    "O trabalho do governo nessa área está indo na direção certa, podemos avançar em cima do que está posto", disse Torres.

    Ao lado do prefeito paulistano, João Doria (PSDB), em almoço promovido pelo Lide, quando questionado sobre eventual entrada na disputa pelo Palácio do Planalto, Meirelles desconversou.

    "Sou candidato a fazer um bom trabalho no Ministério da Fazenda e impulsionar a trajetória de crescimento da economia brasileira", reagiu.

    Mas uma segunda pergunta aventava a possibilidade de ele ser vice em uma chapa presidencial. Meirelles, então, citou as últimas duas eleições presidenciais.

    "Eu fui convidado a ser candidato a vice-presidente da República em 2010 e optei por não disputar a convenção do partido [à época estava no PMDB]. Me convidaram também em 2014, mas, naquela ocasião, por razões diversas, não foi o caso."

    Após a palestra, o ministro disse que se referia ao desejo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que ele fosse vice de Dilma Rousseff (PT), em 2010, quando o PMDB acabou indicando o atual presidente Michel Temer para a chapa.

    Quatro anos mais tarde, Meirelles disse que recusou um convite do então candidato a presidente do PSDB, hoje senador, Aécio Neves.

    VIÉS DE ALTA

    O discurso otimista do ministro da Fazenda em relação à economia, fundamental para que possa alçar voo em 2018, pareceu reverberar bem entre o público, composto por executivos do setor produtivo e financeiro.

    Meirelles foi aplaudido quando disse que a projeção oficial de crescimento do ano que vem "ainda é de 2%, mas está com viés de alta".

    Doria, que também chegou a ser cotado para disputar a Presidência, falou em "perspectivas reais de crescimento de 3%", em 2018.

    Em breve pronunciamento, o tucano elogiou o trabalho do ministro, que, segundo ele, "tem conduzido de forma brilhante" a Fazenda.

    Um mês e meio depois de sugerir a Meirelles que focasse o trabalho na Fazenda, e "não se contaminasse pela questão política", o prefeito disse que "é preciso reconhecer o valor daquilo que ele vem fazendo".

    "Não é possível contaminar politicamente uma gestão que vem sendo feita eficientemente na área econômica", afirmou Doria.

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