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    Temer quer reduzir contatos individuais com os deputados

    BRUNO BOGHOSSIAN
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    01/11/2017 02h00

    O presidente Michel Temer vai centralizar sua relação com a base aliada em líderes e dirigentes partidários, reduzindo negociações individuais que marcaram a articulação para barrar as denúncias contra ele na Câmara.

    Temer pretende retomar uma agenda periódica de reuniões com lideranças no Congresso e presidentes de legendas, em um esforço para reorganizar a coalizão que sustenta seu governo.

    Na avaliação do presidente, as negociações feitas "no varejo" com os parlamentares nos últimos meses provocaram a pulverização das relações do Palácio do Planalto com a base aliada e estimularam a indisciplina entre deputados dessas legendas.

    Para o governo, a dispersão coloca em risco votações de propostas consideradas prioritárias, como as medidas provisórias do ajuste fiscal e a reforma da Previdência.

    O Planalto precisa reaglutinar o apoio dos partidos da aliança de Temer para fazer com que a agenda econômica avance e o presidente ganhe algum fôlego para chegar ao fim de seu mandato.

    Temer quer fortalecer, a partir da próxima semana, uma relação "institucional" com os partidos, nas palavras de um assessor do Planalto.

    A ideia é que as negociações por cargos e emendas parlamentares em troca de apoio nas votações do Congresso sejam feitas diretamente com as cúpulas de cada partido. O governo acredita que, dessa forma, os líderes ganharão mais força para cobrar unidade na atuação de suas bancadas.

    Para Temer, a relação com a base aliada ficou desgastada porque o Planalto foi obrigado a atender a dezenas de demandas individuais, que esbarravam em divisões internas das siglas.

    Ao concentrar a atuação nos dirigentes e líderes, Temer quer limitar as dissidências que foram determinantes para as vitórias magras que barraram as denúncias contra ele na Câmara.

    Na semana passada, o presidente perdeu o apoio de parte expressiva do núcleo de sua base aliada para derrotar, com apenas 251 votos, a denúncia da Procuradoria-Geral da República por obstrução da Justiça e organização criminosa.

    Às vésperas da votação, Temer ordenou que seus ministros destravassem indicações políticas que estavam represadas devido a pendências na análise dos nomes apresentados pelos deputados.

    A infidelidade na base se deu apesar dos esforços do Planalto para atender aos pleitos individuais dos deputados que dão sustentação ao governo. Em um único dia, o presidente chegou a receber mais de 40 parlamentares em seu gabinete.

    O PSD, por exemplo, que comanda os ministérios da Fazenda e das Comunicações, só entregou 51% dos votos de sua bancada. No PR e no DEM, que também ocupam espaço na Esplanada, essas taxas foram de 67%.

    Desde o início do ano, a base aliada de Temer perdeu cerca de um terço de seu tamanho. Em dezembro de 2016, o governo conseguiu aprovar o teto de gastos públicos com o apoio de 367 dos 513 deputados —116 a mais do que na última quarta (25).

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