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    Ala 'de esquerda' do PSDB critica Doria e elo do partido com o MBL

    KELLY MANTOVANI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    04/11/2017 02h00

    Adriano Vizoni/Folhapress
    Fernando Guimarães, coordenador do Esquerda Pra Valer, posa com faixa da ala do PSDB

    Com o objetivo declarado de manter as raízes do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), o movimento "Esquerda Pra Valer", criado em 2004, é uma clara evidência da divisão do partido, com críticas frequentes ao MBL (Movimento Brasil Livre), à gestão João Doria, às reformas do governo Michel Temer (PMDB) e ao impeachment Dilma Rousseff (PT).

    O grupo tem maioria de participantes acima de 40 anos e está em 12 Estados, com 160 lideranças ativas e 5.000 militantes nas redes sociais.

    O ex-governador Alberto Goldman –desafeto de Doria, os deputados federais Mara Gabrilli e Floriano Pesaro e o estadual Marco Vinholi são alguns dos nomes que defendem o movimento.

    O vice-prefeito Bruno Covas participou do grupo de 2007 a 2014, chegando a ser presidente de honra, enquanto era também membro da juventude tucana. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi a diversos eventos, assim como o governador Geraldo Alckmin, que tem apoio da ala na campanha à Presidência.

    Para Fernando Guimarães, coordenador do grupo, a candidatura de Doria à Prefeitura de São Paulo foi um erro, pois faltou diálogo com a população ao propor as privatizações. O grupo defendeu Andrea Matarazzo, que depois migrou para o PSD.

    "Doria não deu ouvidos aos princípios elementares do PSDB, como o compromisso doutrinário do [ex-governador] Franco Montoro com a democracia participativa, e carece demonstrar mais comprometimento com o direito à cidade e à dignidade da pessoa". Um dos acertos, segundo ele, foi o congelamento da tarifa do ônibus a R$ 3,80.

    Nelson Antoine - 24.set.2017/Folhapress
    O prefeito João Doria comparece ao lançamento do livro de Kim Kataguiri, coordenador do MBL
    O prefeito João Doria comparece ao lançamento do livro de Kim Kataguiri, coordenador do MBL

    Após as manifestações de 2013 e o impeachment de Dilma, o MBL vem se aproximando do partido. O estudante Dozinete Beck, 24, diz que o movimento não está de acordo com os ideais do PSDB.

    "É um grupo composto por liberais, clássicos e neoliberais. Isso é, direitistas. Não comungam com os valores da social-democracia".

    De acordo com Guimarães, há falta de critérios na seleção de novos militantes, e isso se reflete diretamente no perfil de parlamentares que migraram para o partido.

    "O PSDB erra ao estimular um processo de filiação quantitativo e não qualitativo. Basta entrar no site do partido e se filiar on-line, sem precisar participar de nenhuma atividade ou curso de formação", diz.

    Guimarães ainda defende que a atitude do PSDB seja mais serena, sem buscar holofotes ou se aliar ao que vai de encontro aos princípios. "A consequência foi ser tragado para um governo impopular. com uma pauta compromissada com os setores conservadores e neoliberais, sem legitimidade.

    Procurado, Doria não quis comentar. O MBL diz que o movimento "não é relevante".

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