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Camisetas vendidas no 2º Congresso do MBL (Movimento Brasil Livre), em 2016 |
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Poder
Sunday, 05-May-2024 21:52:06 -03Moral e costumes entram em foco em congresso do MBL
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO11/11/2017 02h00
"É a economia, estúpido!", slogan consagrado na campanha presidencial dos EUA em 1992, fazia mais sentido para ilustrar o foco do MBL (Movimento Brasil Livre) até o ano passado –quando as pautas político-econômicas ainda prevaleciam na agenda do grupo criado na esteira dos protestos de 2014 pró-impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Questões relacionadas a moral e costumes entraram na linha de frente do movimento e serão debatidas no 3º Congresso do MBL, que acontece sábado (11) e domingo (12), num complexo empresarial em São Paulo, com os prefeitos João Doria (PSDB-SP) e Nelson Marchezan Jr. (PSDB-RS).
Junto com "redução do Estado", "privatizações", "gestão da máquina pública" e "propostas para 2018", "valores da civilização ocidental" é um dos tópicos destacados na página de venda de ingressos para o evento (no primeiro lote, R$ 100 pelos dois dias).
São valores fincados no tripé "filosofia grega, direito romano e religiosidade judaico-cristã", afirma um dos líderes do MBL, Kim Kataguiri. Não que o tema seja inédito nos debates internos. "A pauta do movimento sempre abrangeu coisas além de política e economia."
Mas a discussão parece ter alcançado outro patamar. O que mudou? "Em 2017, as coisas acabaram tomando proporção diferente por causa do Santander."
Kataguiri se refere à mostra "Queermuseu", patrocinada, com incentivos fiscais, pelo Santander Cultural. Visitada por alunos, a exposição foi cancelada após protestos de grupos como MBL e religiosos, que viram ali apologia da pedofilia e da zoofilia.
"A direita sempre foi historicamente mais relacionada à moral, aos costumes, às tradições. Mas isso foi se invertendo. Os liberais conservadores passaram a se fechar em salas para discutir juros, inflação, coisas técnicas, numéricas e elitistas, e a esquerda passou a pautar os costumes", diz.
Esse distanciamento, segundo ele, "levou a uma derrota política acachapante para a direita, porque as pessoas, antes de se preocuparem com o que é economicamente viável, se preocupam com o que é justo. A gente esqueceu de focar no discurso da justiça –que o MBL trouxe de volta para o liberalismo e o conservadorismo brasileiros".
O caso Santander "não é questão de costumes", mas "de ofensa criminal", diz Pedro Ferreira –que, fora o MBL, faz parte da banda de funk Bonde do Rolê, na qual se apresenta de batom e toca hits como "Solta o Frango".
"Exibir para criança foto de alguém com sêmen no rosto não dá, né?", afirma Ferreira, que no congresso do ano passado comparou o potencial "transante" no espectro ideológico ("eu acho que essa esquerda não está transando tanto assim quanto a gente foi levado a acreditar pelo discurso de liberação sexual").
Entre os palestrantes deste ano: os senadores Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e José Medeiros (PSD-MT), os deputados da bancada evangélica Marco Feliciano (PSC-SP) e Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), o vereador Fernando Holiday (DEM-SP), o colunista da Folha Luiz Felipe Pondé e o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha.
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