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    Ex-diretor-geral da PF buscava reduzir chances de indicações políticas

    CAMILA MATTOSO
    FÁBIO FABRINI
    DE BRASÍLIA

    11/11/2017 02h34

    Sergio Lima - 28.mar.2013/Folhapress
    BRASILIA,DF, BRASIL, 28-03-2013: Diretor Geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, em seu gabinete na sede da Polícia Federal em Brasília. ***ENTREVISTA EXCLUSIVA*** (Foto: Sergio Lima/Folhapress, PODER)
    Leandro Daiello, que dirigiu a Polícia Federal a partir de 2011

    Em reuniões com diretores e superintendentes nas últimas semanas, o ex-diretor-geral da Polícia Federal Leandro Daiello discutiu mudanças no processo de escolha do comando do órgão, destacando a necessidade de reduzir o risco de nomeações políticas.

    O primeiro dos encontros aconteceu pouco depois de, em uma reviravolta, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, ter anunciando que não faria nenhuma troca no comando da Polícia Federal, no dia 16 de setembro.

    Em várias oportunidades depois do "fico", Daiello relatou a colegas do órgão a forte pressão do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, sobre Michel Temer para a troca na corporação. O nome do principal aliado do presidente para o cargo era Fernando Segóvia, que acabou sendo nomeado na quarta (8).

    Como mostrou a Folha, os apelos de Padilha aumentaram após a descoberta do bunker de R$ 51 milhões atribuído ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).

    De acordo com apuração da reportagem, o tema de mudança no formato de escolha de diretor-geral foi retomado nos encontros de Daiello por causa da possível nomeação de Segóvia, considerada uma ameaça pela antiga cúpula.

    Quando não falava o nome do colega, era claro para todos os interlocutores que era a ele que Daiello se referia, principalmente pela forma como a articulação estava sendo feita, no mais alto escalão do governo, por investigados na Lava Jato.

    Os dois outros cotados para o cargo eram muito próximos do ex-diretor-geral, tanto Rogério Galloro quanto Luiz Pontel, ambos da cúpula da polícia.

    Atualmente, não há critério para a escolha do comando da PF, nem mesmo regra para o tempo de permanência na cadeira.

    A opção de uma lista tríplice, por exemplo, como acontece para a escolha do procurador-geral da República, sempre foi a mais criticada por Daiello, que dizia enxergar uma politização no processo.

    Outra sugestão seria a de que a nomeação deveria respeitar os quadros da instituição, tendo como opções os superintendentes e os integrantes da cúpula.

    Chegou-se a debater um mandato para os superintendentes regionais.

    Não havia, porém, ideia fechada que o ex-diretor-geral defendesse, mas a pressão das últimas semanas fez do tema assunto frequente em muitas reuniões.

    Para a mudança, seria necessário um projeto de lei passar pelo Congresso.

    A Folha procurou Leandro Daiello nos últimos dias, também pela sua antiga assessoria de imprensa, mas não conseguiu contato.

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