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    Polícia afirma que ex-governador de MS recebeu propina em mochilas

    FÁBIO FABRINI
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    14/11/2017 15h26 - Atualizado às 18h08

    Alan Marques - 16.dez.2011/Folhapress
    O então governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli, em evento em Brasília, em 2011
    O então governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli, em evento em Brasília, em 2011

    O ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB) recebeu propinas em dinheiro vivo e mais R$ 20 milhões em doações eleitorais em troca de favorecer a JBS e outras empresas do grupo com incentivos fiscais, conforme investigação da Polícia Federal. Parte dos recursos teria sido recolhida em São Paulo e levada em caixas e mochilas por um suposto operador do peemedebista.

    As suspeitas desencadearam nesta terça (14) a 5ª fase da Operação Lama Asfáltica. O ex-governador e o filho dele, André Puccinelli Júnior, foram presos preventivamente em Campo Grande por envolvimento no esquema investigado.

    A PF se baseou no material apreendido em etapas anteriores da investigação, nas delações premiadas de executivos da JBS e nos depoimentos de um novo colaborador pera deflagrar a operação, batizada de "Papiros de Lama". Trata-se do pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, que confessou ter atuado como gerente do esquema e "mula" do dinheiro pago ilicitamente, fazendo entregas ao peemedebista.

    "Entre 2006 e 2013, ele recebia valores de propina da JBS e entregava ao senhor Puccinelli em espécie ou [por meio] de depósitos", disse o delegado Cléo Mazzoti. Segundo ele, as contas para os pagamentos ilícitos eram indicadas pelo próprio ex-governador.

    A JBS teria pago em propinas o equivalente a 30% dos incentivos fiscais que recebia. O novo delator teria recebido comissões variáveis pelos serviços de entrega, que podiam ser de R$ 60 mil, R$ 80 mil ou R$ 200 mil.

    O acordo foi homologado pela Justiça Federal em Campo Grande, que autorizou os mandados de prisão contra os envolvidos.

    Para a PF, André Puccinelli tinha papel de comando na "organização criminosa", que teria continuado recebendo propinas mesmo após a primeira fase da Lama Asfáltica ser desencadeada, em 2015. Há registros, segundo investigadores, de pagamentos ilícitos até o ano passado. "Apesar de o grupo investigado não estar no governo, havia pagamentos", declarou o delegado em coletiva à imprensa.

    A JBS teria feito pagamentos também a um instituto ligado a André Puccinelli Júnior. A entidade comprava livros do filho do ex-governador, que faturava com direitos autorais. A manobra inspirou o nome da nova fase da operação, "Papiros de Lama".

    A operação também apura desvios de recursos de empresas ligadas ao governo de MS, entre elas a Águas Gariroba, concessionária responsável pelo abastecimento de água e coleta de esgoto em Campo Grande.

    Andre Puccinelli governou Mato Grosso do Sul de janeiro de 2007 a janeiro de 2015. Conforme a PF, os recursos para doações eleitorais foram pagos pela JBS na "última campanha" ao governo.

    OUTRO LADO

    O advogado dos Puccinelli, Renê Siufi, vai pedir habeas corpus para reverter as prisões preventivas.

    Ele disse que ainda não conhece a íntegra da investigação, mas se surpreendeu com a operação desta terça. Justificou que o ex-governador já havia prestado depoimentos e respondido a perguntas sobre "90%" do que a PF divulgou a respeito do caso.

    O advogado afirmou que a nova delação foi feita sem provas. Sobre os pagamentos da JBS ao instituto filho do ex-governador, ele afirmou que se trataram de patrocínios regulares.

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