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    Lava Jato

    Gilmar Mendes diz que abusos em acordos podem levar a extinção de delação

    LETÍCIA CASADO
    DE BRASÍLIA

    16/11/2017 13h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 19-09-2017, 12h00: O ministro Gilmar Mendes. Sessão da 2å Turma do STF, sob a presidencia do ministro Edson Fachin.
    O ministro do STF, Gilmar Mendes, em sessão em setembro de 2017

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes disse nesta quinta-feira (16) que o instituto da delação premiada fica ameaçado por eventuais ilegalidades feitas nos acordos.

    "Me parece extremamente importante que essas questões sejam colocadas para o aperfeiçoamento da delação premiada. É importante que eventuais erros que ocorram não contaminem o próprio instituto, porque daqui a pouco nós passamos a cogitar da sua própria extinção por conta dos abusos. É preciso corrigir os abusos", afirmou.

    Segundo ele, o roteiro de delação deve seguir o que está na lei.

    "Na verdade nós estamos discutindo há muito tempo no Supremo o aperfeiçoamento da delação premiada. É inegável que a delação teve um conteúdo, especialmente nos últimos anos, quase que revolucionário no que diz respeito ao combate à impunidade, ao combate à criminalidade", disse Gilmar.

    "O tribunal está em processo de aperfeiçoamento desta questão [acordo de delação premiada]", desse o ministro a jornalistas após após participar de evento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o qual preside.

    "Muitas vezes as pessoas podem ser estimuladas a fazer delações que são impróprias, imputar crimes a outros para se livrar. Em suma, fazer uma negociação não exatamente perfeita, mas escusa. E o Supremo vem discutindo isso e está avançando em relação a essa temática."

    Gilmar evitou comentar o caso específico do acordo de delação premiada do marqueteiro do PMDB, Renato Pereira.

    Na terça (14), Ricardo Lewandowski devolveu para a PGR (Procuradoria-Geral da República) a delação de Pereira para que a Procuradoria analise novamente as cláusulas.

    Ele entendeu que a PGR não poderia conceder benefícios que não têm amparo legal —como, por exemplo, a possibilidade de Pereira viajar enquanto cumprir pena.

    Gilmar destacou que outros ministros já questionaram a PGR sobre termos de delação e de outros processos.

    Em junho, o STF discutiu os parâmetros dos acordos de delação premiada ao analisar o caso da JBS.

    Na ocasião, os ministros definiram que cabe ao relator analisar a validade, a legalidade e a voluntariedade da colaboração premiada na hora de fazer a homologação.

    Lewandowski não homologou a delação de Pereira por considerar que a legalidade de alguns termos é questionável.

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