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    Lava Jato

    Procuradoria se manifesta a favor da manutenção da prisão de Geddel

    LETÍCIA CASADO
    DE BRASÍLIA

    20/11/2017 16h06

    Pedro Ladeira - 8.set.2017/Folhapress
    Geddel Vieira Lima chega preso ao hangar da PF em Brasília
    Geddel Vieira Lima chega preso ao hangar da PF em Brasília

    A PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifestou a favor da manutenção da prisão preventiva de Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Michel Temer.

    Em documento encaminhado ao ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), na sexta-feira (17), o vice-procurador-geral Luciano Maia afirmou que uma eventual concessão de liberdade a Geddel "coloca em grave risco a ordem pública e vulnera a garantia da aplicação da lei penal".

    Maia ressalta que o ex-ministro é suspeito de ter ocultado quase R$ 52 milhões em um apartamento, que, quando descoberto, "constituiu a maior apreensão de dinheiro vivo da história criminal brasileira".

    O procurador destaca informações apresentadas por Job Ribeiro Brandão, ex-assessor de Geddel e de seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). As digitais de Job foram identificadas no dinheiro que estava no imóvel.

    No documento, Maia afirma que Job disse à Polícia Federal que destruiu anotações, agendas e documentos a pedido de Geddel, de Lúcio e de Marluce, a mãe deles, enquanto o ex-ministro cumpria prisão domiciliar, entre julho e setembro deste ano, em Salvador.

    Os documentos destruídos, de acordo com Job, foram "colocados em sacos de lixo e descartados", e "picotados e colocados na descarga do vaso sanitário".

    O procurador destaca que existe a suspeita de que os irmãos tenham cometido o crime de peculato, pois Job disse que devolvia cerca de 80% do salário como assessor parlamentar (R$ 8.000) aos políticos.

    Job disse ter sido contratado como assessor parlamentar, mas que prestava serviços pessoais à família, para a qual trabalhou durante 28 anos.

    "Tal suposta prática de peculato do patrimônio da União teria perdurado até Job ser sido exonerado da função pública, em 27/10/2017, por efeito desta investigação", escreveu o procurador.

    "Ao que tudo indica, portanto, uma relação criminosa de trato sucessivo, levada a efeito também por Geddel, subsistiu à sua prisão domiciliar e à atual prisão preventiva em Brasília/DF —decretada em 17/10/2017", afirmou.

    Maia também destaca que o corretor de valores Lúcio Funaro disse que sua mulher foi procurada por Geddel, que queria evitar que ele fizesse acordo de delação premiada com a Lava Jato.

    Geddel foi preso em 5 de setembro, após a PF apreender R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador.

    O caso era investigado na primeira instância, mas foi deslocado para o STF depois que surgiram indícios de participação do deputado federal Lúcio Vieira Lima.

    Em nota, o advogado de Geddel, Gamil Föppel, disse que "é de se lamentar que, mais uma vez, as agências responsáveis pela persecução penal (Ministério Público e Polícia) permaneçam na constante postura de violação ao devido processo legal, impedindo o pleno exercício do contraditório e ampla defesa, ao impossibilitar o acesso a provas já produzidas e documentadas no procedimento de investigação".

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