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    Frota estuda candidatura à Câmara e quer doar marca MBL a Bolsonaro

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE SÃO PAULO

    21/11/2017 02h00 - Atualizado às 09h54

    Roberto Parizotti - 11.out.2016/CUT
    São Paulo- SP- Brasil- 11/10/2016- Mulheres fazem ato em frente ao Tribunal de Justiça em SP nesta terça-feira (11/10), no último julgamento da ação que Alexandre Frota move contra a ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci. A ação por danos morais contra a ex-ministra é movida pelo ator, após declarações do mesmo em um programa de TV, e que segundo Menicucci faziam apologia ao crime de estupro. Foto: Roberto Parizotti/ CUT ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Ato repudia Alexandre Frota por causa de processo dele contra a ex-ministra Eleonora Menicucci

    O que o futuro reserva para Alexandre Frota? Ele reflete se encara ou não "confrontar aqueles sujos corruptos que vivem tirando com a nossa cara". Para isso, teria de alternar entre Brasília e a casa na Granja Viana (zona oeste da Grande São Paulo) onde vive com o filho adotivo, Enzo, 10, e a esposa, a "musa fitness" Fabiana.

    Com 661 mil seguidores no Facebook, foi alçado a porta-voz da nova direita brasileira, apesar de ser desprezado por boa parte da mesma. Agora, o ator de 54 anos estuda se candidatar a deputado em 2018. Diz que conversa com seis siglas para uma eventual filiação, entre elas o Partido Social Cristão, o Podemos e o Patriotas —possível nova morada do amigo Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

    FROTA HOJE

    Já o presente do aspirante a parlamentar é tomado por polêmicas. Uma das mais recentes: a briga com o MBL (Movimento Brasil Livre), que rebatizou de "movimento das bichinhas livres", pelo registro da sigla. Ele e amigos têm um grupo homônimo e seriam "os verdadeiros donos" do nome. O MBL mais famoso, "o das crianças, veio depois", afirma.

    No começo de novembro, em caráter liminar, uma juíza determinou que Frota se abstivesse de usar a marca, mas uma desembargadora derrubou a decisão dias depois. O plano agora é "doar o MBL para Bolsonaro" usar como bem entender. O deputado não respondeu à Folha se aceitará.

    No campo conservador, as relações não estremecem apenas com a turma de Kim Kataguiri, líder do MBL já chamado por Frota de "filhote de Jaspion". "A direita morta, oportunista e frouxa comigo não tem vez", diz. Nessa baia inclui nomes como Carla Zambelli (Nas Ruas) e a jornalista Joice Hasselmann. "Muita conversinha politizada, panelinha de arroz com feijão."

    Quem Frota admira: os deputados Marco Feliciano, Major Olímpio e Sóstenes Cavalcante (próximo a Silas Malafaia), o senador Magno Malta e o deputado estadual Coronel Telhada –um mix de bancadas "da Bíblia" e "da bala".

    Outra interlocutora é a ex-procuradora e ativista conservadora Bia Kicis, que diz lutar "por uma sociedade desenvolvida com base em valores cristãos", pois "quando os bons não atuam, os maus perpetuam". Bom cristão Frota também diz ser: uma ou duas vezes por mês, frequenta a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Sumaré.

    Kicis endossou o projeto de lei "Escola sem Partido", que defende "neutralidade política e ideológica" na sala de aula e é vista por progressistas como ataque de frentes religiosas à liberdade de ensino.

    Em 2016, Frota levou a proposta ao ministro da Educação, Mendonça Filho. O encontro gerou primeiro uma selfie sorridente dos dois e depois uma dor de cabeça, após ampla repercussão negativa.
    "Foi o primeiro ataque apedrejamento virtual que sofri."

    Procurado, o ministro diz hoje não ter "por que falar" sobre a reunião e nega, como veiculado à época, que tenha partido dele a ideia de tirar a foto.

    Entre os desafetos de Frota à esquerda está Caetano Veloso, que o processou após ser tachado de pedófilo (o músico tinha mais de 40 anos quando conheceu Paula Lavigne, então 13 e até hoje sua esposa).

    Nessa queda de braço entre esquerda e direita nem tudo é o que parece, diz o ator. "No meu Instagram tem fotos minhas com militantes da CUT e do MST pedindo fotos e perguntando se não vou me candidatar. Incrível. E na Parada Gay tirei mais de mil fotos."

    Do longo corolário de controvérsias, algumas eram só "piadas", Frota afirmou depois –como quando disse que namorou por dois anos o pastor Feliciano (PSC-SP), hoje aliado, ou que transou com uma mãe de santo desmaiada após fazer "tanta pressão, mas tanta pressão na nuca que ela dormiu", conforme contou em 2015 no programa "Agora É Tarde" (Band), provocando gargalhadas na plateia.

    Outra polêmica ganhou tom jocoso nas redes sociais, mas era assunto sério: a divulgação indevida da batalha judicial que iniciou em 2014 contra seu plano de saúde, para conseguir o implante de uma prótese peniana após ser diagnosticado com a doença de Peyronie (que se caracteriza pelo surgimento de uma placa fibrosa no pênis, o que faz com que o órgão fique curvado).

    FROTA ONTEM

    Enfim, o passado que para muitos tanto condena Frota. Ele estrelou novelas da Globo ("Roque Santeiro"), pornôs ("Bad Boy" e extenso cardápio da produtora Brasileirinhas) e reality show ("Casa dos Artistas"). Como empresário, tentou emplacar a banda Funk Sex. Já se viciou em cocaína.

    "Meus filmes são um marco na história do pornô, mas são passado, não foram incentivados com Lei Rouanet, não matei, não roubei. Esse falso moralismo chega a ser patético. Qual o problema do pornô?"

    O primeiro dos cinco casamentos foi com Claudia Raia, colega de set num remake dirigido por Neville De Almeida para o cult "Matou a Família e Foi ao Cinema" (1991). "Amei todas [as esposas]", conta.

    Em outubro, contudo, não poupou Raia. Após a atriz defender o direito da mãe de levar o filho para uma exposição com um homem nu no MAM, seu ex tuitou: "Quando eu comia a Claudia Raia ela era legal e se comportava como mulher. Foram cinco bons anos. Hoje é ela que come o marido, então ficou assim".

    Twitter Frota

    "No fundo sempre fui conservador. A vida me levou para caminhos não convencionais", diz Frota sobre seu passado. "Mas estou na militância desde 2013, e a varrida do PT de Dilma Rousseff e tudo o que venho fazendo tem me deixado cada vez mais conservador." De volta para o futuro.

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