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    TCU deve arquivar investigação sobre suposto tráfico de influência de filho de ministro

    FÁBIO FABRINI
    DE BRASÍLIA

    22/11/2017 10h27

    Joel Rodrigues - 27.ago.2014/Folhapress
    O ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), Aroldo Cedraz, será ouvido em inquérito
    O ex-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União) Aroldo Cedraz

    O ministro José Múcio Monteiro vai pedir nesta quarta (22) o arquivamento de investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre suposto tráfico de influência praticado pelo advogado Tiago Cedraz nos gabinetes do pai dele, ministro Aroldo Cedraz, e do atual presidente da corte, Raimundo Carreiro.

    A apuração foi aberta em 2015, por causa de suspeitas levantadas na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, na Operação Lava Jato. Ele disse ter feito pagamentos a Tiago para obter informações privilegiadas no TCU e também para conseguir decisão que favorecia a empreiteira em processo sobre as obras da usina de Angra 3. Outros colaboradores reforçaram as acusações.

    Tiago, o pai dele e Carreiro sempre negaram envolvimento nos ilícitos apontados.

    Múcio é o corregedor do TCU e pautou o julgamento do caso para sessão aberta ao público, às 14h30 desta quarta. Em seu voto, ele pedirá o encerramento da sindicância sobre o assunto "por ausência de provas" de que o advogado tenha atuado de forma ilícita no tribunal. Mas vai ressalvar que a apuração será reaberta se surgir fato novo em investigações conduzidas por outros órgãos.

    O relator se baseou em documento elaborado pela comissão nomeada pelo TCU para apurar as denúncias. O grupo sustenta não ter encontrado evidências de que Tiago vendia prestígio, com a promessa de manipular decisões da corte.

    No âmbito penal, o caso continua em curso. A Polícia Federal, ao concluir investigação a respeito, viu indícios de que Tiago tinha influência sobre os dois ministros e de que os dois integrantes da corte teriam se corrompido e favorecido a empreiteira. A PF, no entanto, teve de rever parte dos levantamentos feitos no inquérito após reconhecer que houve "erro humano" na análise de telefonemas entre os envolvidos.

    O inquérito sustentava que foram feitas milhares de ligações de Tiago para terminais atribuídos a Aroldo Cedraz e Carreiro, parte deles em dias importantes da tramitação do processo sobre Angra no TCU, o que demonstraria o acesso do advogado aos ministros.

    Contudo, após reclamações das defesas, os investigadores reconheceram, por exemplo, que alguns terminais atribuídos a um ministro eram, na verdade, do gabinete do outro.

    A PGR (Procuradoria-Geral da República) analisará as novas conclusões da PF a respeito dos telefonemas antes de decidir sobre eventual denúncia contra os envolvidos.

    Nesta terça (21), Múcio se reuniu com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para avisá-la sobre o arquivamento da investigação do TCU. A Folha apurou que ela não se opôs.

    Antes de pautar o julgamento, o corregedor avisou aos demais ministros do TCU a respeito, inclusive Cedraz e Carreiro.

    O presidente do tribunal termina seu mandato no mês que vem. Conforme alguns de seus auxiliares, o arquivamento da sindicância ajudaria a minar resistências internas para que ele seja reconduzido ao cargo por mais um ano.

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