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    Lava Jato

    Último integrante preso da 'gangue do guardanapo' é elo entre Aécio e Cabral

    IGOR GIELOW
    DE SÃO PAULO

    23/11/2017 13h45

    Reprodução/Folhapress
    Osempresários Georges Sadala(à esq.,investigado)e João Pereira Coutinho (ao fundo, o anfitrião),Sérgio Côrtes,ex-secretário de Saúde (réu e preso)e Wilson Carlos, ex secretário de Governo(condenado e preso)
    Georges Sadala puxa um "trenzinho" com Sérgio Côrtes e Wilson Carlos, ex-secretários de Cabral

    Último membro importante da "gangue do guardanapo" a cair nas garras da Lava Jato, o empresário Georges Sadala é o principal elo entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), condenado a 72 anos de prisão.

    Gê, como Sadala é conhecido, é amigo de longa data de Aécio, que foi seu padrinho de casamento em 2007. Foram companheiros em viagens e festas. Logo após Aécio se desincompatibilizar para disputar a eleição de 2010, Sadala obteve um contrato de mais de R$ 300 milhões do Estado para implantar o UAI (Unidade de Atendimento Integrado), o equivalente mineiro do Poupatempo paulista. O governo seguiu na mão do grupo político do mineiro, com o hoje senador Antonia Anastasia (PSDB) como governador.

    O governo mineiro sempre defendeu a lisura do contrato e Aécio apenas diz ser amigo de Gê, que deixou o negócio em 2013. A atual gestão mineira, do PT, informou em nota que o caso está sendo auditado.

    Segundo interlocutor dos dois, Gê trouxe para operar em Minas e frequentar o círculo de amizades o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta, que também está sob investigação na Lava Jato.

    Perto do fim de seu mandato como governador, Aécio apresentou Gê a Cabral, que ocupava o Palácio Guanabara desde 2007. Ato contínuo, em 2009, o consórcio liderado por Gê ganhou licitação para implantar o Poupa Tempo fluminense, pelo que ganhou mais de R$ 130 milhões até 2015.

    Por fim, ele também representa o BMG, banco tradicional de Minas especializado em empréstimos consignadosque estrelou o mensalão do PT, no Rio.

    No Rio, o grupo estreitou laços de amizade, que culminaram no antológico registro fotográfico da "gangue do guardanapo". Em 2009, Cabral recebeu a Legião de Honra do governo francês, acompanhado por um séquito de empresários e secretários de Estado.

    Animados na noitada parisiense, em refinado salão do Hotel de la Païva, parte deles engatou cenas como trenzinhos e posou com os fatídicos guardanapos na cabeça —o motivo permanece um mistério do anedotário político nacional. Gê estava lá, com Cabral, secretários e o então prefeito Eduardo Paes (PMDB). O ex-governador Anthony Garotinho, que como quase todo figurão da política do Rio também está preso, cunhou o apelido maldoso de "gangue do guardanapo" em seu blog.

    Pessoas ligadas à investigação comentam que a prisão de Gê poderá elucidar mais laços entre o grupo de Aécio e o PMDB fluminense, de quem sempre foi muito próximo —em 2014, um dos pilares da campanha presidencial de Aécio no Sudeste foi criar a sinergia "Aezão", chapa que privilegiasse o tucano em detrimento a Dilma Rousseff no palanque do hoje governador Luiz Fernando Pezão.

    Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress
    Aliados de Cabral

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