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    O que se critica em Marina Silva teria que ser exaltado, diz Heloísa Helena

    JOELMIR TAVARES
    DE SÃO PAULO

    24/11/2017 02h00

    Átila Vieira/Divulgação
    As ex-senadoras Marina Silva e Heloísa Helena, ambas da Rede, durante seminário da Fundação Rede Brasil Sustentável (fundação que faz parte da estrutura partidária da Rede), no sábado (18), em São Paulo. Crédito: Átila Vieira / Divulgação DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM
    As ex-senadoras Marina Silva e Heloísa Helena, da Rede, durante seminário do partido em SP

    Ex-PT e ex-PSOL, Heloísa Helena diz que Lula e Dilma Rousseff fizeram governos "de traição à esquerda" e que, mesmo tendo sido "queimada na fogueira" ao ser expulsa do partido, não comemora denúncias envolvendo o PT.

    Hoje filiada à Rede, a ex-senadora é uma das pessoas mais próximas de Marina Silva e preside a fundação da legenda. Com fama de braba e briguenta, conforme suas próprias palavras, diz conviver bem com a calma da aliada.

    Marina, segundo a alagoana, vai revelar suas intenções para 2018 "antes que todo mundo pensa". E será, sim, parte da corrida ao Planalto.

    Heloísa —que esteve na disputa em 2006— iniciou em São Paulo, no fim de semana, uma série de debates da Fundação Rede Brasil Sustentável (que integra a estrutura partidária) sobre o futuro do país. Ela falou à Folha num hotel em Pinheiros (zona oeste).

    *

    Folha - Os seminários da fundação serão a base do programa de governo de Marina?

    Heloísa Helena - Nossa intenção é estruturar, até fevereiro, uma plataforma de propostas para o Brasil. Programa de governo tem que ser coordenado pela candidata com seu vice e os partidos que compõem a aliança. A plataforma pode vir a ser incorporada por um programa da Rede ou de qualquer outra organização.

    A sra. se sente bem na Rede?

    Na verdade, estou na Rede por causa de Marina, né? Eu a respeito muito. Não acho que lutas sociais se restrinjam a partidos. Eu não mistifico estruturas partidárias. Ainda bem, porque, se mistificasse espaços coletivos como um dogma sagrado, era muita frustração, né?

    Ela é candidata a presidente?

    É. Ela sabe que existe necessidade nacional de um programa que se articula em torno da luta dela. Estará disponível para essa tarefa.

    Como é a relação com ela?

    Somos muito amigas, com temperamentos totalmente diferentes. Dá certo porque há respeito. Em algumas coisas estamos profundamente irmanadas e em outras divergimos. O que nos une é maior do que o que nos separa.

    Marina é criticada por "sumir" fora da época de eleição, o que ela rebate. Como vê isso?

    Muitas vezes eu a vi se pronunciando sobre fatos e não sair em todo canto. Aí dizem: "Ah, ela não foi para Mariana [após o rompimento da barragem]". Mas se fosse diriam: "Tá lá a demagoga, pisando na lama e nos corpos soterrados para fazer campanha eleitoral". Ela monitorou todos os dias, preocupadíssima.

    Ninguém agrada a todos ao mesmo tempo. Se falam até de Marina, imagina de mim, que sou considerada bruta, agressiva, histérica, louca e outras coisas mais.

    Marina se ressente do que chamou de um ataque agressivo a ela na eleição passada. O que a sra. espera de 2018?

    Máquina de moer gente, sonho e dignidade. Marina sofreu muito. Teve ataques, mentiras. Mas está disponível. Vai enfrentar essa tarefa com altivez e dignidade.

    Acredita na vitória de Marina?

    Nós trabalhamos para [isso], né? Marina não se considera no campo de batalha. Por isso ela é a pessoa mais adequada para unir o Brasil. O que criticam no temperamento de Marina deveria ser enaltecido, que é justamente a capacidade dela de dialogar com os setores da sociedade.

    A sra. será candidata?

    Possivelmente. Marina queria, todo mundo queria que eu mudasse [o domicílio eleitoral] para o Rio ou Brasília. Mudando, não seria eu. Vou ficar em Alagoas, tentar ser deputada federal ou senadora. Nem que seja para perder, como aconteceu outras vezes.

    Como ex-petista, como se sente ao ver o partido agora envolvido em tantas denúncias?

    Muita gente acha que comemoro. Não sinto nenhuma alegria. Está se tornando público o que disse no Senado, nas brigas que tive e quando fui queimada na fogueira, na expulsão. Governos de Lula e Dilma não foram de esquerda. Foram de traição de classe, de roubo aos cofres públicos, de articulação com o que de pior há na bandidagem política. Por isso que hoje as pessoas associam a esquerda a roubo.

    Ainda se considera esquerdista?

    Com certeza.

    E a Rede abriga sua ideologia.

    Sim. Se você perguntar a Marina se ela se considera de esquerda, de direita ou de centro, ela vai dizer: "Não, eu me considero sustentabilista".

    Lula Marques - 18.ago.2014/Folhapress
    ORG XMIT: 062701_1.tif BRASÍLIA, DF, BRASIL, 24-11-2009, 15h30: A senadora Marina Silva (dir.), recebe a vereadora Heloísa Helena, no Senado Federal, em Brasília (DF). (Foto: Lula Marques/Folhapress)
    Marina Silva (à dir.) e Heloísa Helena conversando no Senado Federal, em Brasília (DF) em 2014

    RAIO-X - HELOÍSA HELENA

    Origem
    Nascida em Pão de Açúcar (AL), em 1962 (55 anos)

    Vida política
    Foi vice-prefeita (1993-1994) e vereadora (2009-2016) em Maceió, deputada estadual (1995-1998) e senadora (1999-2006). Candidata à Presidência em 2006

    Atuação partidária
    Começou no PT, que a expulsou em 2003 por votar contra a sigla. Ajudou a fundar o PSOL em 2004 e saiu em 2015. Está na Rede desde 2015

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