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    Com 29 deputados fiéis, vice de Alckmin terá de ampliar base para governar

    GABRIELA SÁ PESSOA
    DE SÃO PAULO

    27/11/2017 02h00

    Diego Padgurschi/Folhapress
    O vice-governador de São Paulo, Márcio França
    O vice-governador de São Paulo, Márcio França

    O bloco de Márcio França (PSB) já está na rua. Desde 2015, um grupo de 29 parlamentares assim apelidados, afinados com o vice-governador de São Paulo, tem se firmado como uma força política na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).

    Liderado pelo PSB, o grupo agrega PV, PR, PPS, PSC, PEN, Podemos, PSL, PP e Solidariedade. Agem como bancada: reúnem-se semanalmente às terças, votam unidos e serão o lastro de França quando ele assumir o Bandeirantes no ano que vem, após Alckmin se licenciar do governo, provavelmente para disputar a Presidência.

    Em número, esses parlamentares superam o PSDB, que tem 20 parlamentares e é a principal força no Legislativo. Mas não têm poder de decisão na Mesa Diretora, que os tucanos dividem com PT (14 deputados) e DEM (9).

    O bloco é governista, mas com independência para se descolar da base de Alckmin em votações como a das novas regras para parcelamento do ICMS, no primeiro semestre. O projeto foi aprovado, não sem sessões esvaziadas, obstrução e discussão de emendas.

    AMIGOS, AMIGOS

    "Logo no início, os outros líderes diziam que o bloco não ia durar até o Carnaval [de 2015]", ironiza Carlos Cezar (PSB), líder do conjunto.

    À Folha lideranças tucanas afirmaram que, no começo, a ideia foi combatida pela base do governo –afinal, era uma nova força política, de tamanho "considerável", que surgia na Casa.

    No fim, o bloco não se opôs ao governo e, hoje, é visto como uma espécie de "centrão" –mais confiável do que deputados que reclamam ser aliados, dizem tucanos.

    O alinhamento com o governo é um recado que as lideranças dos partidos do bloco procuram reforçar, sobretudo com a perspectiva da transição de Alckmin para França.

    A alternância cria um cenário inédito, pois França é um vice-governador que, além de não ser tucano, disputará a reeleição para o Bandeirantes em 2018.

    Será uma candidatura de apoio a Alckmin para o Planalto. Ainda assim, é concorrente do PSDB, que lançará nome próprio no Estado.

    O cenário eleitoral ainda é incerto, mas o bloco já garantiria uma base mínima para França –insuficiente, porém, para aprovar projetos.

    A principal dúvida é como os deputados tucanos vão se comportar durante a gestão do atual vice no Bandeirantes, a partir de abril.

    Um exemplo da correlação de forças atual foi a eleição para a presidência da Alesp, que neste ano elegeu o tucano Cauê Macris.

    O PSDB comanda o Legislativo ininterruptamente desde 2007.

    Até as vésperas da votação, o bloco de França cogitou lançar candidatura própria, algo que nem o PT, principal sigla da oposição, faz.

    Desistiram ao perceber que dificilmente teriam mais votos além dos 29 do grupo. A Assembleia tem 94 deputados, metade do PSDB, PT e DEM.

    Há conversas para transformar o bloco em uma chapa de apoio à candidatura do vice-governador. "Sem dúvida acredito na possibilidade de coligação", diz o deputado Carlos Cezar.

    O líder do bloco conta que França é bastante próximo do grupo e se engajou na construção dessa aliança, a mesma que apoiou a eleição de João Doria à prefeitura em 2016. "Foi a composição que ajudou Doria com tempo de TV, foi um bombardeio [de minutos no horário eleitoral]", ele comenta.

    Em São Paulo, o grupo elegeu 172 prefeitos no ano passado. São cabos eleitorais importantes na disputa ao Palácio dos Bandeirantes.

    O enredo, no entanto, ainda depende das negociações entre os partidos sobre quem irão apoiar à Presidência.

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