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    Lula quer nova carta aos brasileiros 'voltada ao povo'

    CATIA SEABRA
    DE SÃO PAULO

    02/12/2017 02h00

    Douglas Magno/AFP
    Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante caravana em Belo Horizonte
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante evento

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute com seus colaboradores a redação de uma nova "Carta aos Brasileiros", a exemplo da lançada em 2002 para mitigar tremores na economia provocados, à época, pela iminência de sua vitória.

    Diferentemente da mensagem de 2002 -endereçada ao mercado financeiro-, a versão 2018 será uma carta de "compromissos com o povo", especialmente a classe média. Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, diz que seu destinatário será o país. "Não o mercado".

    Segundo aliados, Lula está preocupado com o clima de tensão no país e pretende estabelecer um diálogo direto com o eleitor. O ex-presidente tem repetido que essa será uma carta ao povo brasileiro "mesmo".

    Nela, diz Okamoto, o petista assumirá compromissos que incluem a revisão do limites de gastos públicos e a revogação demedidas aplicadas pelo governo Temer.

    "É preciso assumir compromissos com o povo. E, sim, revogar medidas adotadas pelo governo golpista para implementação de um projeto verdadeiramente democrático e popular", afirma Okamoto.

    Ainda segundo o presidente do Instituto Lula, o texto pode ser divulgado no primeiro semestre de 2018. Mas seus coautores ainda não foram escalados.

    Nesta sexta-feira, durante reunião com dirigentes do PT de São Paulo, Lula manifestou preocupação com o que chamou de "guerra de classe" que, segundo ele, está sendo criada contra sua candidatura.

    Na reunião, Lula disse que os resultados de seus governos passados, inclusive para a Bolsa de Valores, são uma prova de que não há risco de instabilidade para o mercado no caso de ele ser eleito novamente.

    Embora anteveja o que chamou de radicalização na disputa presidencial de 2018, Lula minimizou o impacto sobre sua candidatura.

    "Não tenho medo do mercado. O mercado não vota. Quem vota é o povo", disse Lula, segundo relato de petistas.

    Mais uma vez, Lula lembrou o desempenho da economia durante seu governo e afirmou que o mercado financeiro foi beneficiado durante sua gestão.

    O petista lidera as pesquisas de intenção de voto e está em campanha aberta.

    Na semana que vem, ele inicia uma caravana pelos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Antes, já havia feito viagens semelhantes pelo Nordeste e por Minas Gerais.

    Sua candidatura ainda é incerta, no entanto. Condenado pelo juiz Sergio Moro por corrupção, ele pode ficar inelegível se o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmar a sentença.

    HADDAD

    Ainda segundo petistas, Lula reafirmou seu apoio à candidatura do presidente estadual do PT, o ex-prefeito Luiz Marinho, ao governo de São Paulo, afirmando que seu nome é o que unifica o partido.

    O ex-presidente demonstrou-se simpático à possibilidade de o ex-prefeito Fernando Haddad e o vereador Eduardo Suplicy concorrerem, em dobradinha, às duas cadeiras que, no ano que vem, estarão em disputa no Senado.

    Na reunião, Lula admitiu que alguns duvidam da possibilidade de dois petistas ganharem a eleição para essas vagas. Haddad é um dos que não acreditam nessa chance de vitória.

    Lula, no entanto, recorre a um exemplo tucano para derrubar essa tese. Aos petistas o ex-presidente lembrou que Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso se elegeram juntos em 1986, pelo PMDB.

    Apesar desse discurso, Lula sondou Suplicy sobre a possibilidade de ele concorrer à Câmara dos Deputados atuando como puxador de votos para o partido, abrindo uma vaga para Haddad.

    Nessa conversa, ocorrida em um hotel de São Paulo, Suplicy ameaçou abrir uma disputa interna pelo direito de se lançar ao Senado.

    Do contrário, Suplicy permaneceria na Câmara de Vereadores.

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