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    Prefeitura do Rio de Janeiro mantém contrato com delator

    FÁBIO FABRINI
    DE BRASÍLIA

    02/12/2017 02h00

    Betinho Casas Novas/Futura Press/Folhapress
    O prefeito Marcelo Crivella (PRB) visita escola no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, nesta quinta
    O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), em visita a escola na zona norte da cidade

    Mesmo após seu proprietário, o marqueteiro Renato Pereira, confessar envolvimento em esquemas de corrupção e fraude a licitações em vários órgãos, incluindo a Prefeitura do Rio, a agência Prole continua prestando serviços na gestão do prefeito Marcelo Crivella (PRB).

    O contrato do município com a empresa permanece em vigor e as faturas estão sendo pagas normalmente. Atualmente, ao menos duas campanhas –a "Matrículas 2018" e a "Táxi.Rio"– estão sendo executadas pela Prole.

    A agência obteve R$ 6,1 milhões dos cofres municipais este ano. Em todo o período do atual contrato –iniciado em julho de 2015, no governo de Eduardo Paes (PMDB)–, foram R$ 49,8 milhões.

    Na delação, o marqueteiro disse que houve fraude tanto na licitação para os serviços em vigor quanto na anterior (2009), cujo contrato venceu.

    Ele disse que indicava quais empresas seriam contratadas não só na publicidade, mas em outras áreas da comunicação, ficando com até 80% dos ganhos delas. Para manter a influência na prefeitura, relatou ter pago propinas a gestores públicos.

    O vínculo do município com a agência expiraria em julho deste ano, mas Crivella assinou um aditivo contratual prorrogando os serviços por mais um ano. A delação veio à tona depois disso.

    A divulgação das denúncias, além de não ter interrompido os trabalhos e o repasse de recursos, não ensejou a abertura de nenhuma apuração interna na prefeitura.

    Depoimentos de Pereira, bem como documentos apresentados por ele, foram tornados públicos em 14 de novembro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski. Ficaram dez dias disponíveis.
    Na sexta (24), o ministro Dias Toffoli impôs novamente sigilo.

    Questionada pela Folha sobre a abertura de investigação, a assessoria de Crivella alegou que não teve "acesso à delação" e que não recebeu "informações a respeito de possíveis irregularidades".

    Desde que o Supremo divulgou a delação, o município fez dois repasses à Prole: em 16 e 27 de novembro.

    Lewandowski decidiu devolver a delação à PGR (Procuradoria-Geral da República) para que faça ajustes. Ele considerou serem excessivos os benefícios acertados pelo órgão com Pereira.

    O delator relatou fraudes também em processos do Estado do Rio e em outras prefeituras, como a de Niterói.

    O governo do Rio informou que a Prole não lhe presta mais serviços e que não abriu apuração sobre as fraudes relatadas pelo marqueteiro.

    Em Niterói, o contrato com a agência continua em vigor.

    Segundo o município, uma nova concorrência para contratar empresas de publicidade, da qual a Prole não participou, está em fase final.

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