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    Lava Jato

    Empreiteiro diz ter ouvido relato sobre conta usada por petistas no exterior

    ANA LUIZA ALBUQUERQUE
    DE CURITIBA

    02/12/2017 18h01

    Reprodução
    O ex-sócio da Engevix Gerson Almada, em depoimento para Sergio Moro, em 2015
    O ex-sócio da Engevix Gerson Almada, em depoimento para Sergio Moro, em 2015

    O ex-sócio da empreiteira Engevix, Gerson Almada, afirmou em depoimento que ficou sabendo de uma suposta conta de propina na Espanha, controlada pelo operador Milton Pascowitch, que beneficiaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro José Dirceu.

    O juiz Sergio Moro levantou o sigilo do depoimento, prestado na metade do ano, nesta sexta-feira (1º). Almada confirmou, ainda, conteúdo de acusação contra Dirceu ao dizer que firmou contratos falsos com a empresa de comunicação Entrelinhas para pagar propina ao ex-ministro.

    Segundo o ex-executivo, a Engevix transferiu R$ 900 mil para a Entrelinhas entre 2011 e 2012.

    A denúncia, oferecida em maio pelo Ministério Público, ainda não foi recebida por Moro. Assim, Dirceu, por enquanto, não é réu nesta ação.

    Almada também disse que mantinha uma "conta corrente" desde 2005 com Pascowitch, utilizada para pagar propina a agentes públicos, políticos e partidos –entre eles, Dirceu.

    Ele afirmou, ainda, que o operador disse, em certa ocasião, que "viajaria de trem para Madri/Espanha para 'olhar a conta' que ele 'administrava' para 'pessoas do PT'". O ex-executivo teria entendido que essas pessoas seriam Lula e Dirceu.

    Ele afirmou, entretanto, que não tem informações ou provas relacionadas a esta conta que teria sido citada pelo operador.

    OUTRO LADO

    Em nota, a defesa de Lula afirma que "essa é mais uma peça de ficção que integra o sistema de delações premiadas a 'la carte' que vem se tornando uma marca da Operação Lava Jato" e que o ex-presidente nunca recebeu valor indevido da Engevix.

    "O próprio depoente reconheceu que não tem qualquer prova contra Lula, deixando evidente que a referência ao nome do ex-presidente foi artificialmente construída para manter a delação premiada já homologada pelo juiz Sérgio Moro."

    A defesa de Dirceu afirma que está estudando os próximos passos.

    O advogado Roberto Podval diz que o depoimento de Almada contraria as declarações de Pascowitch.

    "Nesse caso sua delação deve ser anulada e suas consequências também. Isso interfere diretamente na condenação de José Dirceu."

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