O juiz da 7ª Vara Criminal Federal do Rio, Marcelo Bretas, afirmou nesta sexta-feira (8) que a existência de empresas e contas offshore, em paraísos fiscais, precisa ser discutida "seriamente" como parte da estratégia de combate à corrupção.

Em seu discurso, Bretas citou a importância do combate à lavagem de dinheiro na luta contra a corrupção e a existência de contas em empresas em paraísos fiscais como um entrave.

"É hora de discutirmos seriamente o assunto, porque se não dermos o exemplo, se não combatermos esse mal, algum dia vamos ter contas offshore populares", afirmou.

Bretas vem julgando processos referentes a esquemas de corrupção no governo Sérgio Cabral, que envolvem empresas offshore para a movimentação de recursos ilícitos.

Há um mês, a questão das contas e empresas offshore voltou às notícias com o vazamento de novos dados de contas no Panamá pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.

Entre os nomes que surgiram na lista, estão o dos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e da Agricultura, Blairo Maggi.

A abertura de contas offshore não é ilegal, desde que os recursos sejam declarados à Receita Federal, mas Bretas questionou em seu discurso as razões para a decisão pela abertura de contas em paraísos fiscais.

O juiz pediu maior transparência no poder público. "Não há mais espaço para decisões políticas de madrugada, para decisões políticas fora da agenda", disse. Bretas também pediu para que os eleitores "analisem o currículo" dos candidatos nas próximas eleições.

Antes de iniciar sua fala, Bretas pediu licença para "externar publicamente a admiração" que tem pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, presente na plateia e alvo de um protesto de sindicalistas em frente à sede da estatal.

"Não apenas pelo teor das suas decisões, mas também pela sua dedicação. Eu sei, pela pequena experiência que tenho, que é um trabalho árduo, difícil é muitas vezes mal compreendido."

	Urbano Erbiste - 15.dez.2016/Agência O Globo
	Juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, responsável pela Lava Jato no Rio