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    Grupos combaterão 'vale-tudo' eleitoral na internet em 2018

    JOELMIR TAVARES
    DE SÃO PAULO

    09/12/2017 02h00

    Com o diagnóstico de que o "jogo sujo" eleitoral tem tudo para prosperar (e se potencializar) na internet no ano que vem, organizações da sociedade se juntaram para propor o "uso ético da tecnologia" na próxima campanha.

    Sob o mote "não vale tudo", uma carta-manifesto será o primeiro passo do movimento, que buscará amparo do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para assegurar a aplicação de regras já existentes sobre o tema e a regulamentação de outras que aperfeiçoem o controle. Partidos e candidatos também serão procurados.

    "Fake news", robôs (perfis e ferramentas que simulam a ação de humanos), roubo de dados pessoais de usuários e liberdade de expressão são discutidos no documento, que está pronto para ser lançado e foi obtido pela Folha.

    Assinam o texto, entre outros, os institutos Update, Tecnologia e Equidade, Ethos e Alana, os movimentos Transparência Partidária, Bancada Ativista, Agora! e Acredito, a Open Knowledge Brasil, o centro de pesquisa InternetLab e a Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade).

    Com "usos antiéticos e desonestos" que podem manipular o debate, desinformar o eleitor e prejudicar o diálogo democrático, sites e redes sociais podem impedir que a eleição ocorra de forma "justa e transparente", diz a carta.

    CASO TRUMP

    A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos é um ponto de referência do grupo. A campanha do presidente está no centro de uma crise por causa da conduta em redes sociais, com a suspeita de interferência da Rússia na compra de anúncios para fomentar a divisão política no país.

    Os brasileiros veem com preocupação "a coleta e o uso indevido de dados pessoais para direcionamento de propaganda, o uso de robôs e perfis falsos para simular movimentos e posicionamentos políticos e métodos de disseminação de informações falsas".

    Ao criticar a produção e disseminação de notícias falsas, o documento defende "informações cujas fontes estejam claras, cujos autores e veículos estejam evidentes" como ferramenta para a discussão política, "seja qual for o lado".

    O TSE tem debatido os temas abordados, principalmente o problema das "fake news", e deve publicar regulamentações sobre campanha na internet até o fim do mês.

    Em outro ponto, o texto propõe que candidatos tenham que prestar contas do uso de tecnologias para fins eleitorais, assim como é feito com as doações e gastos financeiros. Para os movimentos, deveria ser obrigatória a transparência sobre a aplicação de softwares, aplicativos e serviços de análise de dados.

    Os signatários do manifesto se comprometem também com o uso responsável da internet —alguns, como a Bancada e o Agora!, lançarão candidaturas em 2018.

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